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Artigo de Opinião

Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira

1/09/2022 06:00

Somos invadidos por um sentimento de impotência, de querer ajudar aqueles que se encontram num estado de elevada vulnerabilidade, que adquiriram hábitos tão nefastos para a sua saúde e para a sua visão enquanto cidadão digno mas, na verdade, de estarmos de braços e pés atados sem saber o que fazer.

Acredito que muitos dos leitores estão, neste momento, a pensar na travessa do terror, a Travessa da Amoreira ou na Rua Latino Coelho. Um cenário degradante: mulheres, homens, jovens, adultos, idosos, sentados no chão, nos cantos dos passeios, a deambularem pela rua, a alucinarem na estrada, a se injetarem, a consumirem drogas de todas as espécies, a partilharem seringas, seminus, magros, sujos, momentos de violência física e verbal, entre tantas outras ocorrências diárias e pesarosas, que qualquer pessoa pode testemunhar, a qualquer hora do dia.

O cidadão comum sente medo de atravessar estas ruas e muitas outras. Chega ao ponto de dar uma volta maior para chegar ao destino final, de forma a evitar determinadas zonas. Esquiva-se de certas ruas, em determinados horários, como a Rua Fernão de Ornelas, as ruas junto do Centro Comercial Anadia Shopping, da Sé Catedral ou do La Vie. Tem receio de ser abordado por um indivíduo doente, alucinado e com más intenções, que atente contra a sua integridade física ou que subtraia algum dos seus pertences. Junto destas ruas existem escolas, restaurantes, lojas, escritórios, apartamentos e as pessoas que ali estudam, trabalham, consomem e habitam são atormentadas pelas consequências da droga: assaltos, vandalismo, homicídios, incêndios e ocupação de prédios devolutos, assédio, injúrias, ameaças…

De uma coisa não duvidamos: toda e qualquer pessoa tem o direito de se sentir e de estar efetivamente segura na sua cidade, independentemente, da forma como se encontra vestida, dos objetos de valor que transporta consigo ou do horário que circula. Assim como, todas as pessoas merecem ser orientadas, apoiadas e cuidadas para se distanciarem de hábitos e vícios que as prejudicam. No entanto, para isso, é necessário queiram e permitam.

Por vezes, a dependência química surge de quadros emocionais desequilibrados ou marcados por episódios de culpa, tristeza, revolta, desespero ou medo. A droga coloca em risco a vida que quem a consome e de quem se cruza, indiretamente, com ela. Tem um impacto negativo nas relações familiares, na saúde mental, emocional e física que podem ser irreversíveis ou fatais.

O consumo de droga é um problema social de elevada gravidade, que deve ser encarado de forma prioritária e séria. É importante redobrar as campanhas de sensibilização para esta temática, principalmente junto dos mais jovens, para que, desde cedo, compreendam os efeitos e os impactos negativos da droga. Uma sociedade informada é uma sociedade instruída, consciente e responsável. É fundamental cuidar do outro, levá-lo a explorar o seu interior e as causas que o influenciam a consumir substâncias tão prejudiciais, informá-lo, orientá-lo para um caminho livre de drogas e demonstrar que não existem casos perdidos.

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