Tuvalu é um país composto por um arquipélago formado por nove ilhas e atóis, fica situado no Oceano Pacífico, mas o que tem de relevante este pequeno país com uma área de 26 km2 e cerca de 11 mil habitantes? Tem muito, pois poderá ser o primeiro país do Mundo a desaparecer devido às alterações climáticas, o primeiro, mas não o último.
Para evitar a tragédia, o Ministro da Justiça, Comunicação e Negócios Estrangeiros, Simon Kofe, anunciou na COP27 que planeiam criar uma cidade gémea de Tuvalu em formato digital no Metaverso para replicar as ilhas e a preservar a sua cultura, já que toda a sua população será obrigada a viver noutro lugar. O vídeo em que Simon Kofe anuncia o mesmo é arrepiante, já que eles procuram continuar com a sua nacionalidade, com o seu país, mas tal será difícil devido às alterações climáticas. Nesse mesmo vídeo, o ministro está dentro de água, devido à subida do oceano.
Já um país mais próximo, neste caso Cabo Verde, apresentou na COP27, algo que já está a negociar com Portugal há algum tempo, isto é, a transformação da dívida em investimentos climáticos. É importante destacar que Cabo Verde vive em seca severa há 4 anos. Apesar de Cabo Verde pouco ou nada contribuir para o aquecimento global, na verdade tem sofrido imenso com as alterações climáticas. Assim, a proposta é converter a dívida pública dos pequenos Estados insulares, como Cabo Verde, em investimento climático tal como energias renováveis, no hidrogénio verde, na educação, na saúde e também no desenvolvimento sanitário.
A ideia do Governo cabo-verdiano parece-me brilhante, aqui não é importante se é de esquerda ou de direita, centro, mas sim na defesa do nosso planeta, pois não existe outro local para vivermos sem ser neste Planeta.
A nossa Madeira não é exceção a estes arquipélagos, já que, de acordo com a cientista da ONU, Joana Portugal Pereira, numa conferência organizada pela ALRAM em 2020 afirmou que estamos particularmente vulneráveis, existirá maior incidência e dos perigos associados a nível climático e, consequentemente, cheias e aluviões.
Tendo em conta que a dívida pública da Madeira é elevada, tendo em conta a necessidade de investimento em produtos de natureza climática, não seria possível a Madeira também negociar com a República, como faz Cabo Verde, em converter a nossa dívida nesse tipo de investimento?
Maior investimento e apoios mais concretos às energias renováveis, incentivos e promoção de carros elétricos e/ou hidrogénio, com um objetivo claro que os carros na Madeira sejam todos com energias alternativas, começando pelos do Governo Regional, apoios às empresas para acabar com a utilização de combustíveis fosseis, investimento para chegar a objetivos mais ambiciosos do que os 60% em 2030 da produção de energia renovável por parte da EEM. Reduzir ou obrigar as empresas que vendam e comercializem cá a reduzir em produtos de plástico, mas também promover a reutilização de produtos, tais como garrafas, cuvetes e outros… A verdade é que já pagámos os produtos mais caros do que no continente, apesar de termos um IVA com uma taxa menor, e não me venham com o argumento dos transportes.
Os efeitos das alterações climáticas são cada vez mais visíveis, seja através das aluviões, seja na erosão da nossa costa que cada vez mais a torna perigosa. O que resta fazer? Parte de nós evitar que Tuvalu desapareça e que o nosso arquipélago não seja o próximo a desaparecer e só existir num Metaverso qualquer! Que 2023 seja esse o ano de viragem das alterações climáticas!