Partidarites de lado há coisas sobre as quais vale a pena refletir para daí se aquilatar da boa utilização dos dinheiros públicos, que é matéria de interesse para o contribuinte.
Recuando alguns anos, ao Governo de Passos Coelho, encontramos o que então entenderam ser a solução para o problema dos prejuízos crónicos; a venda da empresa ao Sr. Neeleman e ao Sr. Humberto Pedrosa que em conjunto garantiram 61% do capital, diz-se agora, com dinheiro da Airbus em troca da promessa de compra de aviões a preços superiores aos praticados a outras empresas concorrentes. Resta salientar que Passos Coelho deu este passo estratégico quando o seu Governo se encontrava já em gestão, por ter sido chumbado na Assembleia da República o qual haveria de dar lugar, posteriormente, ao Governo de Costa em modelo de geringonça.
Mudam-se os governos mudam-se as vontades e uma vez em São Bento, António Costa entende reverter a privatização, que já custou mais de 3,2 milhões de euros ao bolso dos contribuintes e o resto já nos sabemos. Agora vamos vender a TAP novamente.
O que desconhecemos é como é que a coisa vai acabar, a avaliar pelo que se tem passado na Comissão Parlamentar de Inquérito onde já aconteceu de tudo e ainda a procissão vai no adro. Tendo como rastilho a indeminização paga a Alexandra Reis chagámos a um terreno pantanoso que apenas evidencia a forma arbitrária como, por vezes, o Estado trata os assuntos. Confusões políticas, umas atrás das outras, já se demitiu um ministro e um secretário de estado, para além da própria Alexandra Reis que não chegou a aquecer o lugar.
Percebemos agora que as certezas e as verdades de há uns meses não passaram afinal mentiras que descredibilizam quem as produziu e colocam em cheque o governo. Temos assistido a erros de palmatória, em matéria de comunicação, que desgastaram, irremediavelmente, a credibilidade da CPI e dos seus protagonistas enquanto os verdadeiros troca-tintas vão dizendo que não sabem de nada.
A CEO francesa também se pôs a jeito tendo tomado decisões polémicas e inoportunas, casos: da compra da frota de BMW, da utilização indevida de viaturas da companhia, da contratação de amigos, seus compatriotas, despedimento de Alexandra Reis, alegadamente por obstaculizar a contratação da empresa do seu cônjuge e sei lá mais o quê. O que sei é que o Governo a despediu e ao Chairman com justa-causa suportada em pareceres da IGF os quais agora não quer facultar à CPI, por, dizem, estar fora do âmbito daquela. Ironia do destino no meio desta trapalhada toda a TAP voltou aos lucros antes mesmo do timing previsto.
Bem vistas as coisas a CEO perdeu-se no acessório e acertou no essencial do plano de reestruturação. No fim e depois de muita litigância lá receberá 4 ou 5 milhões de euros entre indeminizações e prémios e tudo começou por muito menos.
Caso para dizer, "deslarguem-me".