Hoje partilho algumas reflexões sobre a minha experiência na área do serviço social em Portugal, no Canadá e a nível internacional, also que moldou profundamente a minha visão e posicionamento no seio do campus profissional e científico ao longo dos últimos 17 anos, 12 dos quais investidos na formação e investigação em serviço social.
A profissão de assistente social não é uma profissão amorfa, não existe para "aceitar tudo e mais um par de botas". A nível internacional é uma das profissões que mais cresce em todo o mundo, fruto de vários fatores ligados às áreas de intervenção com que trabalha e intervem, mas também porque as suas áreas de atuação são vastíssimas. Comecemos então pelo fim.
Esta semana participei num workshop internacional de serviço social estrutural na Índia, organizado pelo departamento de serviço social do St. Berchmans College localizado na cidade de Changanassery (com cerca de 360 mil habitantes), na província de Kerala (com quase 35 milhões de habitantes). Em cerca de hora e meia partilhei reflexões, sobre o ensino e prática do serviço social estrutural, uma abordagem e forma de intervenção crítica e feminista surgida no Canadá em meados dos anos 70 do século passado, precisamente na escola de serviço social da universidade que me levou em 2012 até ao Canadá.
Já ontem, estive por Kigali no Rwanda onde participei na Conferência Internacional de Serviço Social organizada pela região africana da Federação Internacional de Assistentes Sociais, (conhecida em inglês por IFSW), conferência sobre o tema "Towards Ubuntu and Sustainable Development: Social Work position in achieving SDGs" onde abordei as questões dos objetivos de desenvolvimento sustentável e a relevância dos assistentes sociais no alcance de tais objetivos globais até 2030.
Já ao nível da formação, em 2020, a Associação Internacional de Escolas de Serviço Social (IASSW) e a Federação Internacional de Assistentes Sociais (IFSW) reviram e atualizaram conjuntamente os referenciais orientadores globais para a formação, supervisão e prática em Serviço Social, seguindo um processo de consulta global que incluiu académicos, profissionais e especialistas de serviço social de 125 países. Os novos referenciais globais salientam a importância de novos desenvolvimentos e inovações, especialmente os relacionados com o desenvolvimento sustentável, as alterações climáticas e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Tais referenciais globais baseiam-se nos princípios dos direitos humanos e na busca da justiça social, reforçando estes também a necessidade de um maior posicionamento crítico, público e até mesmo político perante desigualdades estruturais, seja ao nível de programas e apoios sociais, seja perante diferentes formas de discriminação, opressão e a injustiça social, que afetam o desenvolvimento e a dignidade da pessoa humana a todos os níveis.
*Universidade de Windsor, Canadá