Tudo o resto parece mais ou menos definido: haverá uma nova configuração da Assembleia, com a entrada do Chega e da Iniciativa Liberal e com a (previsível) saída da CDU, e o JPP deverá ver crescer o seu grupo parlamentar (poucochinho, porque com toda a trapalhada que conseguiram arranjar, com tentativas de fratricídio pelo meio, não se percebendo quem é Caim e quem é Abel, não irão capitalizar, como podiam, a queda do PS).
Antes de mais, importa perceber que esta reconfiguração, como se perspetiva, aumenta o espectro parlamentar à direita. O que significa que o voto de protesto nunca é ideológico e que os votantes que insistem neste tipo de manifestação, tergiversam entre agremiações populistas de direita e de esquerda, conforme a popularidade dos seus líderes ou o tamanho da palhaçada. Não é um voto para "mudar", não é um voto para governar, nem é um voto numa orientação programática concreta. É apenas uma manifestação de desagrado com os partidos políticos tradicionais e moderados.
Por outro lado, também me parece que a expectável maioria absoluta da coligação, liderada por Miguel Albuquerque, revela que os eleitores madeirenses reconhecem, ao PSD, o passado de progresso e de defesa intransigente da Autonomia. Parece revelar que a população madeirense partilha do pressuposto, sempre defendido por Alberto João Jardim, de que o PSD é o melhor instrumento de desenvolvimento da Madeira.
Parece, igualmente, possível que Miguel Albuquerque venha a ter e sua maior maioria de sempre (passe a redundância). O que não deixa de ser notável! Antes de mais, porque revela que 8 anos de governação e 30 e muitos de vida pública e exposição mediática não causaram o desgaste à sua imagem que seria expectável e normal. Com efeito, os madeirenses parecem querer reforçar a confiança no seu trabalho como líder do Governo Regional. Fruto das propostas que a coligação que lidera apresenta, é verdade, mas antes de mais, devido ao reconhecimento do seu trabalho e dos resultados alcançados ao longo destes dois mandatos. Na educação, na proteção civil e ambiente, na saúde, nas infraestruturas, no turismo, na economia, na proteção social, a verdade é que os governos de Miguel Albuquerque têm muito trabalho a apresentar e isso parece estar a ser reconhecido pela população madeirense. A gestão exemplar que fez da pandemia, o crescimento económico, o investimento público e privado, a exemplar integração de migrantes, a recuperação meteórica do turismo, o pleno emprego são apenas alguns exemplos do sucesso da ação governativa de Miguel Albuquerque.
A falta de carisma, a impreparação ideológica e a incompetência política de Sérgio Gonçalves, associados às guerras fidalgais, aos amuos de uns e a reverência aos caciques, no PS-Madeira, os ataques permanentes de António Costa à autonomia e à Madeira e a submissão absoluta dos dirigentes socialistas locais aos ditames de Lisboa são, igualmente, fatores que concorrem para o previsível bom resultado da coligação.
O maior risco que corre o PSD é, como tem alertado Miguel Albuquerque, a abstenção. O excesso de confiança e a consequente desmobilização podem mesmo vir a ser os piores inimigos desta candidatura. Daí os apelos constantes, por parte do presidente do PSD, para a necessidade de ir votar no dia 24. Porque percebe que o seu único adversário de dimensão, nestas eleições, é a perceção de que a vitória está garantida. Não está e para que haja vencedor, é fundamental ir votar.