Na Região Autónoma da Madeira (RAM) podemos encontrar também morcegos. Serão três as espécies de morcegos que habitam a RAM, mas é sobre uma espécie que recai especial atenção. O Pipistrellus maderensis (morcego-da-Madeira). É a única espécie de mamífero endémico existente na RAM. Este morcego é muito pequeno, pesa apenas três gramas e mede em média seis centímetros de cumprimento. Quando está em voo a envergadura das asas pode chegar a 22 centímetros. Embora possamos encontrá-los um pouco por toda a ilha, é na Floresta Laurissilva que este animal encontra o seu habitat favorito e onde possui mais alimento.
Embora se conheça pouco sobre este morcego, sabemos que desempenham um papel muito importante no equilíbrio da natureza, pois tendo uma alimentação à base de insetos, consegue controlar pragas destes seres vivos que são aquelas que mais impacto negativo têm na agricultura e mesmo na saúde publica como é o caso do denominado "mosquito da dengue". Um só morcego-da-Madeira come em média mais de três mil insetos numa só noite que corresponde a 1/3 do seu peso e por este número de insetos conseguimos perceber a importância dos morcegos, que funcionam como um "pesticida natural".
Embora não existam ainda valores muito fidedignos quanto ao número de Pipistrellus maderensis, percebemos que existem poucos e que são necessárias medidas de conservação.
A nível europeu os morcegos adquirem cada vez maior relevância, tendo sido criado o EUROBATS um acordo para a Conservação de Morcegos na Europa que a RAM faz parte através do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN), enquanto ponto focal regional.
A Secretaria Regional do Ambiente, Recursos Naturais e Alterações Climáticas, através do IFCN tem em curso um projeto para recuperar as populações de morcego-da-Madeira. Este primeiro projeto específico para a conservação de morcegos na RAM surgiu da oportunidade de financiamento ao abrigo do projeto LIFE4BEST-ORs destinado às regiões ultraperiféricas para conservação da biodiversidade. No âmbito deste projeto foi montada uma rede de detetores de ultrassons já que a utilização destes aparelhos é a melhor forma de detetar e registar a existência de morcegos, uma vez que se deslocam utilizando esses ultrassons não detetáveis ao ouvido humano. Assim, este projeto pioneiro procedeu à aquisição destes equipamentos, trabalho técnico e ações de divulgação e educação ambiental a todos os níveis desde escolas até outras instituições da RAM, apoiados em páginas e redes sociais criadas especificamente para o projeto.
Aos poucos, estes animais, têm começado a ocupar lugares de destaque nas prioridades de intervenção do IFCN.
São várias as ameaças que têm contribuído para o declínio das populações de morcegos ao longo dos tempos, entre as quais, a perseguição direta, o uso de pesticidas, o desaparecimento de locais de alimentação e a perturbação e destruição dos seus abrigos.
Este é apenas um dos muitos trabalhos e ações desenvolvidos pelo IFCN em prol do conhecimento de espécies, com o objetivo de conservação da natureza. Neste momento o IFCN tem outros projetos que visam aumentar o conhecimento e contribuir para a conservação de muitas espécies quer de fauna quer de flora.
O exemplo dos morcegos e do morcego-da-Madeira é um bom exemplo de como se deve trabalhar em prol da conservação da natureza, procurando financiamento para aumentar o conhecimento e a divulgação desse conhecimento junto da população em geral, estabelecendo parcerias quer com instituições internacionais quer com instituições que detém conhecimento e Know how sobre as temáticas e implementando medidas reais e exequíveis de conservação.
Se os "profetas da desgraça" e alguns dos partidos da oposição em vez de efetuarem críticas infundadas se dessem ao trabalho de conhecer melhor o trabalho realizado pelo Governo Regional no âmbito da conservação da natureza não diriam tantos disparates e ficariam a conhecer melhor a Região e as suas riquezas naturais.