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Artigo de Opinião

2/08/2021 08:00

Uma caminhada interessante, pois o melhor que podemos fazer pelas pessoas, é ouvi-las, saber quais as suas necessidades, os seus anseios. Uma base fundamental para quem quer trabalhar em prol da sua comunidade. Ouvir, para construir.

Além de ouvir, temos de estar preparados para responder, saber orientar, indicar caminhos, procurar soluções.

Nem sempre é fácil esta tarefa, pois a burocracia e os diferentes patamares de competências, faz com que as soluções para muitos dos problemas que são do domínio público, fiquem perdidas entre quem deve resolver, quem tem a tal solução.

Esta questão torna-se ainda mais difícil, quando vivemos numa região autónoma em que quem está à frente dos destinos dessa região, não só tenta usurpar as competências naturais de outras instituições, como também fecha as portas a qualquer tipo de colaboração.

Nestas nossas caminhadas de auscultação da população, deparamo-nos com problemas graves, de abandono de grandes aglomerados populacionais que vivem em bairros sociais. Bairros bem concebidos arquitetonicamente, com zonas que deveriam ser verdes, mas que não passam de um amarelo de erva seca e com algum lixo espalhado, a reforçar desprezo de quem tem a tutela nessa área.

Muitos especulam, gaguejam, culpam a população, os moradores, que não sabem preservar, que não olham pelo seu quintal, não sabem cuidar, sujam, etc. É certo que ainda há um longo caminho a percorrer nas questões de cidadania e que existem casos problemáticos, mas generalizar e apontar culpas não é resolver os problemas. Imaginem um qualquer local no mundo, onde, diariamente, passam milhares de pessoas, e que, simplesmente, não é varrido com frequência, ou não existem locais onde colocar o lixo, ou que não têm quem cuide dos seus jardins, e, pensem em que estado estaria? Nem a melhor cidade da Escandinávia escaparia a uma clara imagem de desleixo!

Mas, mais grave ainda que o desleixo que prolifera pelos bairros sociais, tutelados pelo governo regional, é a ausência de respostas à população e às instituições que democraticamente as representam e, quando procuram soluções, parcerias, na tentativa de melhorar o que não está bem, deparam-se com um fechar de portas, apenas numa tentativa de demonstrar quem manda e de que perdem tempo em bater àquela porta, pois preferem o estado de abandono a dividir tarefas com outros. O velho problema da chave da casa de banho, que, de um modo geral, nem o próprio detentor do chaveiro sai beneficiado.

Muito há ainda a fazer pelas pessoas, pelo seu bem-estar, pela melhoria da sua qualidade de vida. Mas, para que todos tenhamos sucesso, enquanto detentores de cargos públicos, temos de envidar esforços no sentido de mais diálogo e maior cooperação.

É preciso mudar mentalidades, trabalhar em comunidade, pela comunidade, pelas pessoas, por todos nós. Só concebo a missão dos cargos políticos dessa maneira, e, fico profundamente triste quando as respostas ficam por dar, quando as soluções não aparecem, porque alguém, que pode realmente melhorar a vida das pessoas, opta por virar as costas, porque outros podem vir a ter eventuais proveitos políticos.

É possível crescer e deixar de ter exemplos de pessoas fechadas nas suas capelinhas, que vivem na esperança de que as coisas corram mal aos outros, esquecendo-se que essas atitudes só têm uma vítima, a população.

É preciso mudar mentalidades, é preciso ouvir, para construir.

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