Há três semanas, neste mesmo espaço, expus aquele que era e continua a ser o meu pensamento relativamente ao caminho a seguir pelo PS-Madeira. Fi-lo porque não tenho dúvidas de que o meu percurso na política me dá total legitimidade para o fazer, porque soube aceitar as derrotas e persistir, porque todas as vitórias que tenho alcançado são fruto do meu trabalho e dos que me têm ajudado a materializar o projeto que idealizei e porque sou de opinião que há alturas certas para nos manifestarmos se quisermos ser construtivos e ajudarmos a mudar o rumo dos acontecimentos.
Sempre adotei uma postura agregadora dentro do partido cuja bandeira me tem acompanhado em todos os embates travados ao longo de mais de 30 anos de atividade política ativa e por essa razão não tenho dúvidas de que os madeirenses e porto-santenses, perante o atual cenário político na Região, esperam compromisso, entrega e sentido de missão por parte de todos os que considerem poder ajudar-nos a sair deste marasmo laranja. É com este espírito que integro as listas do Partido Socialista. Com a certeza de que o respeito pela democracia nos exige, muitas vezes, prescindirmos do individual em prol do coletivo e da comunidade. É por isso que na política tem mais valor quem, acima dos seus interesses, coloca os interesses da população.
Não me sentiria bem em não ajudar o Partido Socialista a assumir-se, num momento tão decisivo, como uma alternativa sólida para governar a Região Autónoma da Madeira, num combate ao sedentarismo social-democrata, que se pensava enraizado, mas que se percebe agora ser mais frágil do que se pensaria.
É tempo de oferecer à população, à semelhança do que sucedeu em 2019, uma oportunidade clara de mudança e caberá depois a cada um decidir que caminho pretende escolher. Vamos perfeitamente a tempo de o fazer porque quem acusava o PS-Madeira de constantes querelas internas e de falta de projeto para a Região debate-se agora com problemas muito mais graves, que vão desde os desentendimentos políticos internos até às questões por resolver com a Justiça. É por todas estas razões, mas principalmente pelo respeito que os madeirenses e porto-santenses me merecem que não pude deixar de aceitar este novo desafio.
A Madeira e o Porto Santo merecem muito mais do que um Governo Regional que em janeiro se autoavaliou e considerou não ter condições para governar e que agora quer, a muito custo, “vender-se” como impoluto. Porque os madeirenses e porto-santenses merecem mais parto para este novo desafio sobretudo com esse sentido de missão, preparado para continuar a trabalhar.
Prestes a entrar no último ano de funções como Presidente da Câmara Municipal do Porto Moniz, após ter sido o primeiro a conseguir neste Município a eleição para três mandatos consecutivos, e atendendo à fase da vida em que me encontro, não causaria estranheza que não me quisesse continuar a desgastar na vida política. Quem me conhece sabe que abandonei a minha carreira de arbitragem demasiado cedo, mas fi-lo quando senti ser a hora certa. No caso concreto da política, fá-lo-ei quando sentir o mesmo, mas, face ao contexto atual, sinto que após concluir o meu mandato na Câmara Municipal do Porto Moniz posso ainda continuar a dar um contributo muito válido à população deste concelho em particular e às gentes da Madeira e do Porto Santo em geral.
Porque sinto ser essa a vontade de muitos que me abordam, entre a passividade e a ação prefiro claramente a última e é por essa razão que, uma vez mais, me disponibilizo para integrar um projeto de alternância e que permita replicar, num âmbito regional, o que de tão bom se tem feito nas autarquias socialistas. Mais do que as palavras que possamos dizer, falará em nossa defesa o trabalho que temos vindo a desenvolver, cada um na sua área de atuação.
Quem se foca no trabalho vê agora a campanha eleitoral com outros olhos. Com à-vontade e, principalmente, com humildade. O tempo urge, mas quem não tem medo do trabalho de formiguinha não tem medo de ir à luta para que o próximo ato eleitoral seja disputado em condições de fazer jus aos ideais democráticos e para que não seja mais um passeio de algozes que de cada vez que falam atentam contra a inteligência dos eleitores.