Era uma vez um partido, fundado em 1974, de seu nome Partido do Centro Democrático Social. A sigla era boa. A ideologia também, ou não fosse inspirado pela democracia cristã e aberto a liberais... Cabiam lá quase todos! Talvez por isso, anos mais tarde, mudaria o nome para Partido Popular. Autodenominava-se então de CDS-PP. Outros, que não se furtam a chamar os boys pelos nomes, batizavam-no de Caga De Saco-PiPi.
Para esses destemidos, quem são os militantes de tão nobre e vasto partido? Nada mais, nada menos do que todo e qualquer ser que se penteie para o lado (graças a Deus que tenho que puxar o cabelo da nuca para me tapar a careca), use pullover aos ombros e saiba dizer “semila” duas vezes. Bem, esta última condição e devido à cada vez maior escassez de quadros, não é obrigatória. Diz “batata” ou finge perceber de pescas e desenrasca.
Talvez por isso, por cá, foi sendo dito que era um partido em fim de linha. Ou démodé, se preferirem. Chamaram-nos de bengalas. De oportunistas. Até de parasitas... Porém, chegou o dia em que o hospedeiro (vulgo PSD também de sociais democratas) acordou para a vida e percebeu que sem os que o dicionário define como “que ou quem come ou vive à custa de outro ou de outros”, também morreria à fome. Rapidamente propôs uma relação de mutualismo que é, nada mais nada menos, uma relação em que todos os organismos envolvidos são beneficiados. No fundo, sem os centristas, os donos disto tudo não mandavam em nada. Por outro lado, sem os donos disto tudo, nem se dava pela existência dos centristas...
Não sei se para se imporem, ou pelo menos se fazerem notar, desataram a dar “opiniões”. Sim, segundo o Ministro da Defesa, foi apenas isso que ele fez em relação à alegada intenção de recrutar jovens delinquentes para as Forças Armadas. Tratem, portanto, de acalmar-se. “Não apresentei nenhuma medida, proposta, intenção ou estudo sobre serviço militar como pena”, disse. “No limite, emiti uma opinião”, confessou. E depois? Já estou como o meu amigo que diz que as opiniões são como as vaginas. Quem as tem e quer dar, que dê... Somos ou não somos livres de o fazer? Que eu saiba, sim.
Só tenho pena é que esta ideia tenha sido apenas equacionada para os jovens que cometam pequenos delitos. Então e os mais velhos?! Não devia, por exemplo, um Castelo Branco ir também para a linha da frente de arma e rolex em punho? Parece que já o estou a ver a, em pleno cenário de guerra, se virar para o inimigo e dizer assim: “sua bicha malvada. Livra-te de me estragar o outfit. Não atires à toa.” E, ao mesmo tempo que se vira de costas, apela: “faz antes mira para aqui que já tenho o buraco feito”. Que horror. O melhor é nem pensar... Afinal de contas, a acreditar no que se diz, foi assim que a Alemanha perdeu a guerra! Curvada, pela cintura, num ângulo de 90°. Bem a jeito.
Por falar em se pôr a jeito, também por cá se entreabriu uma porta que pode trazer uma corrente de ar perigosa. Então não é que o senhor que matou outro em Santo Amaro foi condenado a 3 anos e meio de prisão, mas com pena suspensa?! Juro. Entendeu a juíza que foi um homicídio privilegiado. Ora bolas! Eu nem sabia que existia disso. Sabia sim que o que morreu era toxicodependente. Que o que matou, fê-lo num terreno contíguo à sua casa. Que a intenção do primeiro era roubar anonas e a do segundo afugentá-lo. Só que o fez com uma navalha na mão e, à medida que se aproximava e dizia “chega-te para lá”, acertou-lhe no coração.
Há quem diga que bandido bom é bandido morto. Há quem diga que, apesar de caríssimas, não há anonas que valham uma vida. Eu cá a achar que quem anda à chuva molha-se...
Deixo, portanto, aqui um aviso. Anonas, não tenho! Mas tomates, servem? Venham cá buscá-los. Pode ser que conheçam o Aníbal. Perdão, o animal. Aníbal é aquele senhor que está nos cartazes com o (ainda) nosso Presidente. Para quem viu mal nisso, só tenho uma coisa a dizer. Deixem-se de ser invejosas e ponham-se na Bicha.
Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas