E vêm aí mais eleições regionais sem que se vislumbre mais progresso, mais futuro, mais justiça social para os próximos quatro anos. Na verdade, prevê-se "mais do mesmo": muitos candidatos com "telhados de vidro", um ror de promessas renovadas, mas incumpridas há décadas, programas eleitorais que pouco ou nada se concretizarão e, sobretudo, uma falta de compromisso com as necessidades reais da população da Madeira e do Porto Santo.
Falta, quer em propostas eleitorais, quer na concretização governativa de décadas, o compromisso social com centralidade nos direitos humanos e no humanismo. As questões sociais são prementes e deveriam ser um pilar estruturante da nossa sociedade: não se pode ficar indiferente perante a injustiça social, perante as desigualdades sociais.
Há que entrelaçar num programa eleitoral, sério, as questões sociais e com as questões ambientais, assumindo-as como pilares da sua proposta para governação e estruturantes de uma nova sociedade. Não como valores "de moda" ou de agenda de propaganda política, para mais em tempo de eleições; mas como valores norteadores da política, e sociedade, regional.
Assistimos a privilégios de poucos, e até a nossa Autonomia, conquista maior da nossa democracia, tem sido instrumentalizada para que alguns, poucos, tenham vantagens em relação aos demais - nunca a desigualdade e a assimetria social foram tão grandes na Região - e são dados públicos, estatísticos, que o afirmam e confirmam! Não é, obviamente, a Autonomia que "está mal", é a forma como alguns se têm apropriado e deturpado a nossa Autonomia, que deve estar ao serviço do povo e de quem trabalha - como uma ferramenta para quem vive na Região, capaz de contribuir para uma vida melhor para os madeirenses e portossantenses, promovendo políticas de proximidade adequadas ao desenvolvimento sustentável da RAM.
Precisamos, Madeira e Porto Santo, de uma política diferente, alternativa, e necessária, capaz de definir um novo rumo para a nossa região, e que priorize, inclusive, os meios financeiros ao serviço do desenvolvimento social regional.
Não se pode excluir, se o foco prioritário é o desenvolvimento socioeconómico regional, as denominadas políticas sociais activas como o combate à pobreza e à exclusão social; a inclusão social; a proteção de pessoas com necessidades especiais e a defesa da condignidade da população idosa da nossa Região.
No plano ambiental, não se pode adiar a redefinição de políticas de proteção ambiental (somos a única região do país em um POC e ainda temos carências de saneamento básico!).
No plano laboral, têm sido preteridos e atacados, os direitos de quem trabalha mesmo em sectores que têm lucrado vertiginosamente com a "monocultura" regional do turismo- direitos que não são entendidos por estes sectores apoiados pelas políticas que têm vigorado entre nós, propulsionadas por um capitalismo inumano, quando, na verdade, são a componente mais importante para o desenvolvimento social e económico da Região: não é a precariedade, nem os salários miseráveis que se praticam em tantos sectores, nem a exploração e assédio de quem trabalha que farão estimular a economia e a coesão social. Um raciocínio simples que não acompanha a sensibilidade de grande parte da mole da política regional. Como também; à excepção de uma candidatura, a CDU, não há sensibilidade para o cumprimento da Lei da Paridade que em si é tão só uma expressão ética e humanitária. Mas a ética e o humanismo não são princípios que influenciem a ação de muitas das políticas regionais, como se sabe...