Aproxima-se a denominada época dos incêndios. É a partir desta data que muitas pessoas começam a ter preocupações sobre esta matéria. No início do mês foram vários os agentes de Proteção Civil da RAM que iniciaram a vigilância permanente aos fogos, coordenados pelo Serviço Regional de Proteção Civil.
O Plano Operacional de Combate a Incêndios Florestais (POCIF) deu origem ao Plano Operacional de Combate a Incêndios Rurais (POCIR), numa clara evidencia que a questão dos incêndios não é apenas imputável à floresta ou à sua gestão, como por vezes se faz querer, mas sim à gestão de todo o espaço rural, algo mais complexo e profundo entrando na equação o ordenamento do território, o abandono da agricultura e o mais complexo de tudo a população e o seu relacionamento com o meio ambiente.
São várias as entidades que participam no POCIR. O Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, IP-RAM (IFCN) participa ativamente no POCIR através dos seus vários Agentes de Proteção Civil.
Logo à partida temos o Corpo de Polícia Florestal (CPF) da RAM, um Corpo que conta atualmente com 81 agentes que tem uma história e uma missão ligados à Floresta Madeirense. Este Corpo participa ativamente no POCIR focando a sua atuação essencialmente no espaço florestal, numa cota acima dos 700 metros. Possui competências na vigilância aos incêndios e ao seu primeiro combate. Possui equipamentos de primeira intervenção, nomeadamente as viaturas denominadas VLCI (Viaturas Ligeiras de Combate a Incêndios). Ao nível da vigilância o CPF foi pioneiro, a nível nacional, na utilização de drones.
A vigilância é em alturas de maior risco de incendio reforçada pelo Corpo de Vigilantes da Natureza que através dos seus 42 elementos pode auxiliar no primeiro combate como já aconteceu no passado. Também estão equipados com drones para efeitos de vigilância.
Temos ainda os Sapadores Florestais, um corpo recente, formado por 10 elementos. Possuem um papel fundamental durante todo o ano já que efetuam trabalhos de gestão de combustível, procedendo à limpeza em locais estratégicos. Estão habilitados para combate a incêndios utilizando material de sapador quando não é possível utilizar água. Estão equipados com vasto equipamento mecânico como moto roçadores, motosserras e também VLCI.
Mas o trabalho do IFCN não se cinge a esta época do ano e não se cinge apenas à vigilância a incêndios. Durante todo o ano há um importante trabalho de prevenção da floresta contra incêndios. O IFCN efetua a limpeza e manutenção de uma vasta extensão de caminhos florestais, essenciais para em caso de incêndio efetuar rapidamente a deslocação de meios até ao local, proporcionando uma rede de descontinuidade importante no combate. São mais de 200 Km que todos os anos são limpos e beneficiados quer com meios e máquinas próprias do IFCN, quer recorrendo a prestações de serviços de empresas especializadas para o efeito. Neste campo, o IFCN tem vindo a investir através de apoios comunitários, essencialmente o PRODERAM, em diversos equipamentos específicos aumentando a capacidade eficácia na atuação.
Efetuamos limpezas todos os anos de centenas de hectares de floresta geridas pelo IFCN, quer no combate às invasoras, na reflorestação, e na limpeza de zonas estratégicas de prevenção, tendo como exemplos mais visíveis destes trabalhos a faixa corta-fogo do Caminho dos Pretos, a zona da Alegria ou o Paul da Serra. Para completar este investimento foram criadas redes de combate a incêndios florestais com reservatórios de armazenamento de água e hidrantes que podem ser utilizados pelos vários agentes de proteção civil em caso de incendio, bem como pelo helicóptero de combate a incêndios florestais no caso dos reservatórios.
Sobre a sensibilização todos os anos o IFCN efetua campanhas de sensibilização destinadas à população em geral utilizando vários meios audiovisuais e outdoors. As atividades em 2023 abrangeram 13217 participantes.
Mas todo este trabalho e esforço do IFCN acompanhado pelo trabalho e esforço de muitos proprietários privados de terrenos florestais, e de muitos agricultores aos quais deixo aqui o meio reconhecimento e agradecimento, tem de ser acompanhado por uma maior consciência e atitude dos cidadãos.
Temos todos de tomar consciência que temos de alterar comportamentos. Não podemos utilizar o fogo da mesma forma quando condições meteorológicas extremas estão presentes. Há que perceber que temos responsabilidades nos nossos atos.
É preciso lembrar e relembrar que uma Floresta Segura depende de todos nós.