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Artigo de Opinião

Nutricionista

7/06/2021 08:00

A propósito, assinalou-se, no dia 2 de junho, o dia Mundial da Consciencialização do Transtornos Alimentares. De acordo com a OMS, entende-se por distúrbio ou transtorno alimentar, qualquer alteração do comportamento alimentar que pode provocar prejuízos à saúde de um indivíduo. A sua etiologia deve-se a fatores tanto metabólicos como psicológicos, sendo as perturbações mais frequentes a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a compulsão alimentar/obesidade.

De acordo com o SNS (2018), em cerca de 15 anos, perto de 4500 pessoas foram hospitalizadas com doenças do foro alimentar, número que quase duplicou comparativamente a anos anteriores. E, infelizmente, 25 dos casos, foram fatais. Sabemos que estes distúrbios afetam principalmente jovens adolescentes, mas também crianças que, se não forem devidamente diagnosticados ou acompanhados, poderão perpetuar a doença até a vida adulta ou, quem sabe, durante toda a sua vida.

Esta temática não pode ser falada de ânimo leve, principalmente num mundo atual onde se vive atrás de um écran e onde a informação e desinformação estão ao alcance de um clique.

De acordo com uma revisão de literatura do AJCN (2019), o vício da internet e redes sociais, a distorção da imagem corporal e a crescente informação acerca de dietas restritivas e de emagrecimento, mais mudanças no estilo de vida (dieta e stress) podem ter um grande impacto na prevalência dos transtornos alimentares.

A globalização, o acesso às redes sociais, mas também a "vinda" do COVID-19, uma pandemia que nos obrigou a ficar fechados e a recorrer cada vez mais à internet, poderá ter um impacto negativo, neste âmbito, principalmente no que respeita aos nossos jovens.

Chegam às consultas, cada vez mais jovens com alterações do peso, ansiosos ou mesmo com depressões instaladas e muitos deles medicados. A ansiedade ou transtorno de humor pode ser uma alavanca para a manifestação de um transtorno alimentar!

Lanço um alerta para a publicidade crescente de dietas milagrosas, em que comer nada ou quase nada torna-se a moda! Não nos podemos esquecer que jovens e adultos fragilizados, com uma perceção de imagem corporal já está completamente distorcida, têm acesso a esta informação e acabam por assimilar que a normalidade é realmente o não comer!

Chamo também a atenção aos pais ou cuidadores que estão em constante dieta e que acabam, inconscientemente, por incutir aos filhos que comer um prato cheio é mau, que ingerir lácteos é prejudicial, que a massa engorda e que o gelado é proibido. Tudo deve ser ingerido com peso e medida! Jovens em dieta de restrição extrema têm 18 vezes mais probabilidades de desenvolver um distúrbio alimentar!

A distorção da informação e a imposição do que é um corpo perfeito está a afetar a perceção dos nossos jovens do que é realmente comer bem e de forma saudável. Passamos do comer bem e variado, para o não comer, porque "tudo faz mal"!

Termino a dizer que a aceitação de todos é também um passo para evitar este tipo de problemas.

Não fazer chacota, olharmo-nos como seres iguais e colocarmo-nos no lugar do outro - são estes os valores que devemos transmitir aos nossos pares e aos nossos filhos!

Somos todos diferentes, mas somos todos humanos com alma e coração!

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