Não raras vezes, a festa e a alegria que tomam posse de nós durante o tempo do Natal levam-nos a idealizar este tempo. Este nosso mundo, que prefere fugir em vez de enfrentar as contrariedades, facilmente se deixa transportar para paraísos que não existem, imaginações de fadas e pais-natal, terras do "faz-de-conta". Talvez por isso a insanidade se tenha apoderado de alguém na Comissão Europeia, julgando que não precisávamos do Natal e que bastaria a nossa imaginação e a capacidade que temos de fazer festa!
Mas o Natal nunca foi isso. Deus fez-se homem. Fez-se verdadeiramente homem e mais pobre que os pobres, porque a história não se desenrola dum modo idílico. Bem pelo contrário: é feita de realidade, no meio de sofrimentos, derrotas e trabalhos, juntamente com alegrias, conquistas e sucessos.
Deus fez-se verdadeiro homem para nos salvar. Quer dizer: para indicar o caminho e para o percorrer connosco. Aliás: Ele é o caminho! E para salvar a todos: por isso, desde o nascimento até à morte, assumiu a condição dos que nada podem e dos que nada têm.
Assim, talvez este tempo de pandemia nos ajude a recuperar o essencial do Natal. Celebramo-lo, uma vez mais, em condições adversas. Sem podermos dar largas à nossa alegria, sem os convívios das Missas do Parto, sem as grandes festas, sem os abraços e a proximidade a que estávamos habituados. Em condições mais pobres que o costume. Por isso, mais próximas do Presépio de Belém. Talvez esta pandemia, afinal, nos possa ajudar a ficarmos mais próximos do Menino que nasceu para nós, para todos nós!
É isso que queremos dizer quando desejamos a todos um Santo Natal!