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Artigo de Opinião

Médico-Dentista

17/12/2023 05:00

Invariavelmente, por esta altura, escrevem-se cartas ao Pai Natal. Pronto. É a altura do ano em que achamos que merecemos tudo e mais alguma coisa. Que nos comportámos bem o suficiente para que o sapatinho “acorde” atulhado de presentes. Cá em casa, para mal dos meus pecados, também se respeita essa tradição... Porém, desta feita, tive que ir aos correios mais do que uma vez. Sim, a funcionária dos CTT, assim que me via entrar, já pegava no carimbo que estremece o balcão com um ar ameaçador. Porquê? Porque só a Eduarda redigiu a maldita missiva 3 vezes e mesmo assim, pelo que percebi, ainda não estava satisfeita. Primeiro pediu paz no mundo e amor no coração. Linda menina. Sempre soube que a miúda tinha potencial para ser Miss Mundo. Bem, sempre, sempre não. Confesso que há tempos duvidei. A sério. Foi ali quando percebi que afinal aquilo já não é para mulheres, mas pronto... Seria a Miss dos meus olhos e isso bastava-me.

Por falar em bastar, dois dias depois a garota lembrou-se que de boas intenções estava o inferno cheio e, vai daí, começou de novo. “Querido Pai Natal, sou eu novamente, para além do que já te pedi, podias também trazer-me uma bitzee?”. Não achei mal. Tirando, obviamente, a parte de não fazer ideia de que raio fosse aquilo. No entanto, assim que pesquisei, percebi que se tratava de um animal de estimação virtual. Menos mal. Ao menos esses não estragam nada, não deitam cheiro nem largam pêlo. Tão-pouco fazem necessidades pela casa. “Conta com isso, Duda”, disse-lhe eu, ao mesmo tempo que olhava para a Mãe Natal. Afinal de contas, o velhote de barbas já não tem idade para fazer tudo sozinho... O problema passava a ser dela. Julgava eu! Só que a história não tinha acabado aí. Dois dias depois, a menina lembrou-se que afinal se tinha esquecido de uma coisinha. “Diz lá filha. Mas esta tem mesmo de ser a última carta, amor. Ok? Não, não são os selos para a Lapónia que se estão a esgotar. É que, pelo andar do trenó, chegamos ao Carnaval e ainda estás a mandar postais”. “Mas pai, ajuda-me. Eu quero pedir um cruzeiro, mas não sei onde”... Engoli em seco! “Que me dizes ao Porto Santo, querida? Íamos e vínhamos no mesmo dia”. “Ah não. Nesse eu enjoo. Estava a pensar pelas ilhas gregas”. Coitada. Mal sabe ela que o mais próximo que vai ter é chamar o Gregório ao passar a Ponta de SantoLourencini. E não diga que vai daqui... Qualquer coisa, ponha os olhos no irmão. Fez uma carta só e apenas para pedir uma bola de futebol. Ok. É a 758.ª. Mas não deixa de ser uma redondinha!

O Eng Rui Alves, por exemplo, também pediu bolas. Só que na conta! Juro. E não foi ao Pai Natal. Foi ao Governo Regional. Chorou, quase de cara lavada, na televisão. Queixou-se que está a ser “empurrado para a mão dos privados”, como se para um abismo se tratasse. E eu que julgava que, se não todos, quase todos os adversários já o fizeram. Pronto! Ok. Eu sei que não é o ideal. Tudo bem. Entendo que “quem investir vai querer mandar”, mas pelo que percebi, os únicos que metiam dinheiro e não mandavam, agora não estão mais para aí virados. Estão mais interessados na Habitação do que no Desporto. E penso que de pouco ou nada valerá o Sargento Alves reunir tropas na Choupana... Os anunciados 6 ou 7 mil soldados alvinegros não deverão conseguir fazer frente aos mais de 20 mil que estão em lista de espera para ter uma casa.

Quem parece estar em vias de mudar de morada é o ainda Presidente da Autarquia de Câmara de Lobos. A não ser que aconteça uma catástrofe, saltará do principado do ilhéu para o palácio de São Bento. O quilate não será o mesmo, é certo... Mas igualmente certo era o premente desejo de se encontrar saída para um político tapado pelo limite de mandatos. Com ele devem ir confiando nas previsões optimistas, mais dois. A segunda é, tal como o primeiro, virgem. Não de signo, mas sim destas andanças. É de Lisboa e ensina o catecismo como poucas. Se conseguir pôr os colegas a não nos vir à caixa das esmolas, já é um bem que nos faz. Acredite. O terceiro é já um repetente e viu-se envolvido numa polémica sobre reembolsos de viagens que eram custeadas pela Assembleia da República. Enfim. Tudo está bem quando acaba bem...

Por falar em terminar, deixo-vos com o novo hino do JPP:

The roof, the roof, the roof is on fire.

Follow the LIDL, LIDL, LIDL. Follow the LIDL.

Vá lá que mudou a letra. Há tempos era: fØdï o lídel, lídel, lídel. FØdï o lídel... Bem, agola até esse palece que vai pala Lisboa.

PS: Pai Natal, se me estiveres a ler, por favor, não me tragas nada. Não mereço. A ver pela quantidade de gente que me deixou de falar este ano, não me devo ter portado muito bem... Assim sendo, reforço: salta o meu nome. Não me parece justo receber prendas a dobrar!

Pedro Nunes escreve ao domingo, todas as semanas

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