O miar da minha gata, a Pepa, sentada ao meu lado, com ar esfomeado, leva-me o pensamento a deambular por esses becos e veredas desta nossa cidade, pelos nossos bairros sociais, onde, cada vez mais, mais pessoas têm dificuldade em colocar algo na mesa. Algo de qualidade. O tempo dos enlatados está de volta, os frescos são cada vez menos abundantes no cabaz alimentar familiar e se pensarmos na carne e no peixe, para muitos, voltaram a ser um luxo reservado a dias de festa.
Está assim a nossa Região, com um governo e o seu presidente na opulência de umas férias arábicas e o povo à míngua. Por cá, nada é feito para combater a fome, para ajudar mais as famílias. Andam apenas a reboque das medidas da República às quais não podem fugir e que, nas palavras de muitos, são apenas migalhas. Mas, um conjunto de migalhas, começa a compor um cabaz que atenua os tempos de crise. Neste ano de 2023, os salários foram aumentados por duas vezes, ultrapassando os 3%, é pouco diz o PSD, mas não deixa de ser o maior aumento salarial em muitos anos. Associado a isso, o subsídio de refeição aumenta mais de 25%, são dados apoios extraordinários às famílias com menos recursos financeiros e é criado um cabaz de produtos básicos, com IVA à taxa zero. Também as taxas de IRS foram atenuadas, aumentando assim o rendimento disponível de cada família.
Podemos falar da inflação galopante, das taxas de juro bancárias, do aumento do custo de vida, uma realidade, mas, não podendo o estado controlar os preços, pode ajudar as famílias com as receitas fiscais extraordinárias. Com o Governo da República, isso tem acontecido.
E por cá? O que faz o Governo Regional? Nada! Diz que acompanha as medidas da República, como se tivesse opção de não as aplicar. A Região poderia ir muito mais além, podia baixar mais os impostos, baixar o IRS e baixar o IVA (o governo de Miguel Albuquerque é o único que nunca baixou o IVA!).
Temos um Governo Regional campeão na coleta fiscal. Um Governo de cofres cheios e um povo asfixiado, à míngua.
Meus amigos, estamos na época Pascal, época tradicionalmente de restrições, mas, que só fazem sentido quando são uma opção, seja por motivos religiosos, seja por outros quaisquer. Nunca deveríamos estar sujeitos a restrições por falta de poder de compra, ainda para mais quando a região navega em milhões pagos pelos impostos dos madeirenses.
E onde pretende o governo gastar esse excedente orçamental que as finanças regionais têm arrecadado? Pergunta estúpida! Em betão, como é óbvio. Novamente milhões para a marina do lugar de baixo, centenas de milhões para a ampliação da Pontinha, porque mesmo sem qualquer estudo, na cabeça dos nossos governantes, isso é o melhor. Milhões em novas estradas e túneis, quando o que precisamos são de medidas que tornem a cidade mais amiga dos peões, que promovam a mobilidade coletiva, enfim, precisamos de uma Região mais amiga dos madeirenses e dos portosantenses, precisamos de uma verdadeira mudança nas políticas regionais e isso só poderá acontecer com uma mudança dos decisores políticos, já no início do próximo outono.
Precisamos de uma Madeira Melhor e o PS, com Sérgio Gonçalves, está preparado para dar à região, as políticas que vão ao encontro dos anseios da nossa população.
Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas