Pelo segundo ano consecutivo celebraremos o Natal e a entrada no Novo Ano em "modo pandemia". E o que isso significa? Que implicações tem nas nossas vidas, na vida dos nossos familiares e amigos, e na comunidade da qual fazemos parte. Afinal a Madeira não é propriamente um local assim tão isolado e imune à nova mutação do vírus do Covid-19, designada por "Ómicron".
Sabemos que o SARS-CoV2, o vírus que causa o COVID-19, se propaga pelo ar, e por isso existe a necessidade da adoção e/ou reforço de medidas de saúde pública através de políticas e práticas consistentes com este método de transmissão. Tem sido isso que as autoridades regionais têm feito e bem ao longo dos últimos 21 meses.
Como purificamos o ar que respiramos? Ou quem tem a responsabilidade de o fazer ou fazer cumprir? Nomeadamente em espaços fechados? Precisamos de uma estratégia concertada por parte de diferentes entidades para prevenir e proteger todos nós, nomeadamente em espaços interiores e fechados que todos nós frequentamos no nosso dia-a-dia.
Reconhecer que o vírus se espalha pelo ar reforçou a importância do uso de máscaras. A testagem em massa é muito importante, e a Madeira tem sido um bom exemplo disso. Mas, isso só não chega. Cabe a cada um de nós fazermos a nossa parte e nos responsabilizarmos conjuntamente pela saúde de todos nós, na família, no local de trabalho, na escola e um pouco por todos os espaços públicos e sociais que frequentamos e socializamos.
Cientistas de aerossóis, virologistas e outros investigadores concluíram em 2020 que o vírus do SARS-CoV2 se espalha pelo ar, mas ainda assim tivemos de esperar até 2021 para que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras importantes agências de saúde públicas internacionais reconhecessem esse fato já comprovado cientificamente.
Assim, e perante isto é imperioso todos nós reconhecermos que o vírus do Covid-19 pode estar no ar (e se propaga por via deste) e por isso é hora de repensar as medidas a adotar (a que vulgarmente chamamos de regras), as nossas e as que as entidades responsáveis transmitem aos cidadãos, bem como a regulamentação e fiscalização de todas as atividades e serviços prestados em espaços interiores.
O arejamento de espaços fechados com a circulação de ar puro e fresco, a colocação/uso de filtros HEPA, e o uso de máscaras N95, em detrimento daquelas que muitos de nós usamos, continua a ser a melhor forma de nos protegermos, perante as conclusões e recomendações de tais estudos e entidades. Continuamos (ainda) a não ter outra escolha. O foco na ventilação e purificação do ar é fundamental para ajudar a prevenir a propagação do Covid-19.
Ainda assim, a mensagem de que precisamos agora nesta quadra natalícia e para o nosso futuro imediato é ainda uma mensagem de valores coletivos e de responsabilização conjunta - valores que colocam as pessoas, as suas diferentes necessidades, e acima de tudo, a sua saúde e bem-estar acima de interesses individuais, da economia e de certos grupos de interesse a que pertencemos.
Por fim, aproveito este último artigo de 2021 para desejar votos de um Bom Natal e Feliz Ano Novo a todos os leitores, profissionais e colaboradores do JM. Foi uma honra integrar e partilhar este espaço ao longo de mais um ano, diga-se bem longo e exigente para todos.
*Universidade de Windsor, Canadá.