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Artigo de Opinião

Geógrafo / Colaborador Europe Direct Madeira

22/06/2023 08:00

Não se trata de ação "para inglês ver". A estratégia está definida, o plano existe, e com ele medidas concretas serão implementadas, desde logo com o compromisso de 1230 milhões de euros em financiamento da UE, por via de diferentes instrumentos financeiros.

E não se pense que isto é dinheiro mal gasto. Já antes da pandemia, os problemas de saúde mental afetavam uma em cada seis pessoas, o que em números absolutos representava 84 milhões de europeus. Atendendo que, desde então, temos passado por sucessivas crises de toda a espécie e feitio, algumas ainda longe de qualquer possibilidade de resolução, não é difícil imaginar que este cenário é hoje mais preocupante, estimando-se que o custo da inação possa ascender a mais de 600 mil milhões de euros/ano!

Para a execução desta estratégia, a Comissão propõe uma ação concertada em três pilares essenciais: a promoção de uma prevenção adequada e eficaz; a possibilidade de acesso a tratamentos e cuidados de saúde mental de qualidade; e a reintegração na sociedade, após a recuperação. Trata-se de um passo fundamental para que se consiga, no mínimo, ajudar os Estados-membros a priorizar as pessoas e a sua saúde mental, equiparando-a com a saúde física. Porém, não esqueçamos que esta área específica da saúde, tal como outras (como a educação, por exemplo), são áreas da competência exclusiva dos Estados-membros, o que significa na prática que, apesar das orientações de Bruxelas, caberá a Portugal implementar com sucesso o seu plano de ação neste domínio.

E é exatamente neste ponto que guardo algumas reservas. O Dia de Portugal, celebrado no passado dia 10, deixou-me profundamente angustiado. Tenho orgulho em ser português e adoro o meu país, mas tenho imensas dificuldades em ser otimista em relação ao futuro deste território à beira-mar plantado. Sem querer personalizar em temáticas concretas, pese embora, a lista seja fértil, retrospetivando estes primeiros seis meses do ano, parece-me que andamos a marcar passo, distraídos com tudo e mais alguma coisa, numa clara aposta pela "navegação à vista", apesar das evidentes miopias. Em contrapartida, pelo lado positivo, fico cada vez mais convencido que o futuro só poderá ser brilhante, tamanha é a quantidade de massa cinzenta que por aí anda: são resmas de intelectuais, de gente genial que domina todos os temas e mais alguns. Perante isto, questiono-me: como ser otimista em relação ao futuro, quando perante polémicas sucessivas (e sem fim à vista), andamos dias a fio a abrir jornais e a promover debates até à exaustão à volta de um cartaz, por exemplo? Até parece que não estamos em guerra na Europa, que o planeta não se encontra doente, que os portugueses estão satisfeitos com as medidas que têm sido tomadas para contrariar o aumento do custo de vida, que as taxas de juros não sobem, só para citar alguns exemplos. Como é possível preservar a nossa saúde mental perante uma sistemática valorização de acontecimentos que não trazem nada de substancial à nossa existência? Claro que podemos sempre dar um saltinho até as redes sociais só para nos distrairmos um pouco, mas rapidamente levamos com um qualquer post sobre "rabo de peixe" e, uma vez mais, centenas de peritos em postas de pescada.

A propósito do mundo real: parabéns Madeira! O restauro dos tetos Mudéjares da Sé Catedral do Funchal foi um dos 4 extraordinários projetos portugueses que ganharam a edição de 2023 dos Prémios Europeus do Património Cultural - Europa Nostra.

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