Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), "o objetivo deste dia é sensibilizar e educar para a importância dos cuidados de saúde e de estilos de vida saudáveis." É um dia em que também se celebram, e bem, todas as conquistas que foram concretizadas a nível de saúde pública, desde a descoberta dos antibióticos em 1950, até à implementação, em 2022, da abordagem "One Health".
A OMS, tem sem dúvida, desenvolvido um trabalho exímio no que respeita à evolução e acessibilidade à saúde a nível global.
Mas como disse, a "Saúde para todos" tem ainda de ser alvo de reflexão, não só a nível global, mas primeiro que tudo, a nível local. Arrumamos a casa de dentro para fora certo?
Que dificuldades ainda sentimos? Será que, a nível local, a saúde é mesmo para todos? E será que os cuidados de saúde chegam, a tempo, para todos?
Penso que é da opinião geral que ainda há muito que podemos melhorar!
Primeiro que tudo, arrumar a casa! É imperativo que se criem melhores condições, para que não faltem recursos, para que os profissionais de saúde possam exercer com todo o profissionalismo, o seu trabalho. Sem recursos não existem milagres! São urgências a rebentar pelas costuras e outras a fechar indeterminadamente, para não falar das listas de espera intermináveis. Temos mesmo de arrumar a casa!
Os centros de saúde que visam realocar as pessoas com vista a evitar a sobrecarga dos hospitais, também estão completamente assoberbados e sem capacidade de resposta! - "Tem médico de família? - Não - E de recurso? - Também não! Pode atribuir um médico? - Não conseguimos. Vai ser difícil conseguir consulta! Venha amanhã cedinho e espere!". E é isto - "Esperar" - a palavra chave do sistema público! Ou se tem sorte ou se espera para conseguirmos um médico, uma consulta ou uma cirurgia, ou opta-se por ir ao privado para que não fiquemos esquecidos ou "falecidos" pelo caminho. O sistema de saúde como está não chega a todos, não dá para todos! Temos de arrumar a casa!
Mas a responsabilidade para que a saúde seja acessível a todos, não é só do sistema de saúde. Deste o sistema de educação, através do investimento maior em educação primária, até à economia, mercados e agricultura, todos devem contribuir para que a saúde esteja acessível para quem a quer realmente atingir. Muito pode ainda ser feito, por exemplo, já muito antes do agora em que vemos os custos dos bens essenciais aumentar, que os alimentos mais saudáveis são sempre os mais dispendiosos. Isto é pensar na saúde global? Temos mesmo de arrumar a casa!
Todos, todos mesmo, temos a obrigação de contribuir para o nosso bem-estar e bem-estar comum. Há tanta gente que não se cuida e depois quer ser cuidada! Já pensaram que se tratarmos melhor a nossa saúde, desenvolvemos menos doença e logo, menos idas aos centros de saúde, hospitais e urgências! Mais saúde é igual a menos despesa na doença e logo melhoria no atendimento dos utentes que realmente precisem, a não ser que gostem de manter a conversa em dia nos postos aderentes e entupir as urgências para um dedinho de conversa. Temos de arrumar a casa!
Como podemos melhorar as condições globais em saúde se nem cá dentro conseguimos? Vá, vamos lá arrumar a casa!
E em tom de nota: Calma indústria farmacêutica, que o vosso pânico é que se instale a saúde! Ainda vai demorar, infelizmente, para que a mentalidade do homem vire o chip para a bonança!
Carina Teixeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas