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Artigo de Opinião

Presidente do Conselho Regional da Ordem dos Advogados

8/03/2023 08:00

Isto porque, hoje em dia é uma das frases mais recorrentes e que põe em causa todos os conhecimentos técnicos e científicos, na verdade, assumidamente para muitos, é mesmo a solução para a maioria dos problemas.

Pense bem, verá que diariamente somos confrontados, nas mais variadas situações, com uns novos donos da verdade que recorrem a esse chavão, como solução para todos os problemas, sejam de amor ou de justiça, de saúde ou de finanças.

Ainda há poucos dias, recebi no meu escritório um cliente que apresentou uma questão jurídica muita complexa. Claro está que conversamos, procurei saber todos os detalhes que eram necessários e pedi que voltasse alguns dias depois, para poder ponderar o assunto, onde suscitavam-se diversas questões jurídicas, que carecia dum aprofundado estudo.

Depois de todo esse trabalho cheguei a uma conclusão e, quando voltou ao meu escritório na consulta seguinte, lá expliquei ao cliente o que entendia ser a solução para o seu problema, expliquei que tinha dedicado diversos dias e muitas horas a analisar aquele problema e até para fazê-lo perceber a complexidade da questão dei exemplo de diversas decisões dos nossos tribunais superiores sobre matérias semelhantes, no fundo transmitindo aquele que tinha sido o meu estudo sobre o seu problema. Em resposta imediata, olhou-me e disse: "acha mesmo doutor, é que agora quando vinha para cá encontrei um amigo e disse-lhe mais ou menos o que estava a acontecer e ele, que nem é advogado, mas prontamente, nem precisou de pensar muito, respondeu: ah rapaz, se fosse comigo eu resolvia à minha maneira, sei o que fazia".

Este saber popular do "se fosse comigo" é cada vez mais generalizado, em todas as áreas profissionais, constituindo perigosa resposta sempre pronta, sem necessidade de ponderação ou de qualquer estudo e que muitos problemas vem criando àqueles que se deixam levar por tais "sabichões".

Agora, há uma verdade irrefutável, é que o problema nunca é com aquele que usa essa expressão e, se correr mal, também não é com ele, nem as consequências o afetarão.

Pois bem, alguns daqueles que consigam ler este texto dirão: se fosse comigo, este não escrevia mais; outros dirão, pois se fosse comigo este senhor ia escrever outra coisa e ao diretor deste jornal diriam, se fosse comigo nem mais uma vez ele escrevia.

Ora bem, agora é assim, se fosse comigo esses senhores nem falavam, nem escreviam, e assim se fosse comigo diria ao senhor diretor, deixa lá o homem escrever pode ser que algum dia aquilo que ele escreva seja aquilo que eu escreveria, se fosse comigo.

Até lá não se esqueçam, acreditem nos técnicos e nos especialistas, não se deixem enganar pelo amigo que encontrarão ao virar da esquina, o tal que vai dizer-lhes que tem a solução para o seu problema, com recurso ao famigerado: se fosse comigo eu fazia e acontecia assim. Na verdade, o problema não é dele, é seu, por isso, se fosse comigo, eu ouviria sempre a opinião de quem sabe, consultava um profissional da área e sempre que estejam em causa o exercício dos seus direitos e/ou o cumprimento dos seus deveres, recorreria a um advogado.

Por ora despeço-me, até à próxima, porque se fosse comigo, dava mais uma hipótese a este pobre escriba.

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