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Artigo de Opinião

28/04/2022 08:01

Nós mulheres, XX à nascença, podemos ser mães, pais (trans) ou pais não binários. Domingo é o dia da mãe. Estamos a ter menos filhos/as e isto é uma realidade mundial. É muito frequente ouvirmos falar sobre o grande problema da redução da natalidade, já não temos o crescimento que tínhamos na nossa população. Segundo os últimos censos, a RAM foi das zonas do país que mais perdeu população, foi também a região com maior decréscimo do número de nascimentos, decrescendo cerca 25%. Se imaginarmos jovens a emigrar e residentes a ter menos filhos/as, o cenário é ainda pior. É muito preocupante imaginar a nossa população, com a esperança de vida cada vez maior (ainda bem), mas com grande probabilidade de ter poucos jovens e crianças no futuro. Segundo Yuval Harari: "No século XX duplicamos a esperança de vida de 40 para 70 por isso no século XXI poderíamos duplicá-la de novo até aos 150 anos." Ler estas previsões é muito assustador, apesar de que neste século, tivemos novamente uma pandemia e temos uma guerra na Europa. Vivemos mais anos, mas continuaremos a morrer de fenómenos imprevisíveis.

É também frequente julgarem-nos, a nós mulheres (fenótipo), por esta redução da natividade. Julgamentos ofensivos feitos por pessoas com voz na sociedade (maioritariamente homens), ridículo! Culpam também o movimento feminista por este facto. No feminismo é pedido igualdade de direitos e liberdade de papéis. Viva à Liberdade!

O 25 de abril foi há menos de 50 anos, e antes do 25 de abril a decisão de ter ou não filhos/as não cabia às mulheres, eram os homens que detinham o poder dessa decisão, muito injusto. Este facto ainda é muito frequente em algumas famílias e culturas. Pode-se controlar a natalidade, evitando ou interrompendo uma gravidez (está na lei), mas isso nem sempre é possível. Ainda não é para todos em Portugal. As mulheres já não são obrigadas a ter filhos e não são menos mulheres por isso. A sociedade ainda discrimina uma mulher pela opção de não querer ter filhos, classificando-a como "ficou para tia". Nós mulheres, temos a liberdade de poder escolher o papel de ser mãe, independentemente de estarmos ou não numa relação. As nossas mães e avós não puderam escolher!

Há muitas mulheres que querem e não têm filhos por questões sociais e é perante estas dificuldades reais que o governo tem de reagir rapidamente:

É obrigatório acabar com a precariedade laboral e baixos ordenados onde as mulheres são as grandes vítimas. Combater fortemente a discriminação laboral contra as mulheres mães ou em idade fértil, feita pelos patrões;

Garantir cuidados céleres de saúde pública (infertilidade, gravidez, parto e no crescimento saudável da criança e família). Combater a violência obstétrica ainda relatada.

Garantir a gratuitidade das creches (a creche é mais cara que a faculdade);

Garantir habitação a preço digno.

Ser mãe é um dos papéis mais duros e encantadores da nossa sociedade. Uma mãe é obrigada a abdicar de muita coisa, para responder às necessidades dos filhos/as, a maioria das mães nem se podem queixar, mas sofrem. Nem tudo é "cor-de-rosa", assumir isto, é meio caminho andado para sermos melhores mães.

"Mãe suficientemente boa é aquela que, para além de fornecer as necessidades do indivíduo para se constituir como sujeito, também falha, e está continuamente corrigindo essas falhas." Winnicott

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