Se as mulheres pararem o mundo para, saber isto não tem feito as mulheres serem mais valorizadas e terem igualdade de direitos.
Na pandemia foram as mulheres que mais sofreram. Na vida quotidiana são as mulheres que são mais desrespeitadas, abusadas e desvalorizadas. Desemprego, trabalho precário e os terríveis números que uma em cada quatro mulheres em Portugal assume que já sofreu abusos e maus tratos. Uma em quatro das nossas irmãs/amigas/filhas já foram ou vão ser abusadas.
A situação do Big Brolher foi uma demonstração da nossa realidade, os especialistas fizeram queixa de abuso psicológico de um concorrente para uma concorrente. A sociedade viu, negou e criticou os especialistas ou quem defendeu essa opinião, talvez porque é mais fácil negar o abuso psicológico de outros, para não assumir esse mesmo abuso dentro de portas…
As mulheres têm mais voz, mas usam para o que menos nos interessa a todas. Ter Igualdade de direitos implica liberdade de escolha de papéis, isto não é ainda possível.
As redes sociais trouxeram uma nova profissão, as influencers, que têm milhares a milhões de seguidores. Quantas são feministas assumidas? Muito poucas. Elas têm voz e não a usam. Neste momento estão, a maioria delas, a ignorar a guerra da Ucrânia. Como é que possível não usar os milhares ou milhões de seguidores para educar para o "não à guerra" e fomentar o respeito por todos!
Onde anda a nossa voz? Será o silicone e o botox que nos está a calar? Voltamos aos "espartilhos" do século passado, para agradar a quem? De certeza que não a nós próprias, afinal o espartilho foi descrito como muito doloroso de usar, até impedia a respiração normal.
Como é a realidade diária da maioria das mulheres? Com silicone ou sem silicone continuamos a ter mais 4 horas e 23 minutos de trabalho diário em tarefas domésticas e de cuidados (filhos, idosos e outros) comparativamente aos homens. As mulheres por dia têm em média 12 horas de trabalho diário. Quantas vezes ouvimos: ele é um bom marido/companheiro porque ajuda nas tarefas domésticas!
Ajuda? Mas a mulher não tem carreira como os homens? Não trabalha? Os filhos não são dos dois? Quando os filhos ou pais idosos adoecem quem cuida mais? Porquê?
As mulheres estão esgotadas e estão cansadas. Há mais depressões em mulheres e não é por acaso. Precisamos de mais voz adequada as nossas necessidades, para termos mais respeito, com silicone ou sem silicone na boca temos de nos proteger e gritar: Não!
Criei ontem um evento no face (Luísa Santos pagina) para o dia da mulher. Para ir ao evento temos de ser mulheres e gastar as nossas 4 horas, pós emprego, no dia 8 de março, para fazer outras coisas sem ser tarefas domésticas ou cuidados de outros. Isto se for possível delegar em alguém os cuidados de filhos ou familiares, como é óbvio.
Vamos experimentar. Fazer o que nos apetece. Fazer greve às tarefas domésticas também é possível. Em vez de flores vamos receber tempo para nós! Sem tempo não há felicidade não há saúde física nem mental.
É preciso perceber que Igualdade é liberdade! Não a temos, porque somos ainda comandadas por julgamentos morais.
"O pior mal é aquele em que nos acostumamos" Jean Paul Sarte