Há 50 anos ocorreu o nosso 25 de Abril. O mundo fala sobre o 25 de Abril como uma das revoluções mais pacíficas. Uma vez, ouvi algo que me arrepiou, sobre as ditaduras da Península Ibérica (aconteceram, mais ou menos, na mesma época): “Franco mandava matar, Salazar mandava torturar.”
As pessoas que estavam descontentes na ditadura, algumas perseguidas e torturadas, começaram “a abrir as portas para abril”. Foram estas pessoas que ajudaram no sucesso da revolta pacifica dos militares. Um bem-haja a elas. Ouvi de uma camarada madeirense, algo que me fez perceber bem isto: “éramos sempre pontuais nos encontros, porque chegar antes ou depois era pôr em risco a vida de alguém.”
Esta frase denota duas coisas: a importância dos grupos em qualquer processo de mudança, e que só um grupo unido consegue fazer grandes mudanças, independentemente de todos terem diferentes papéis na ação. Quem gere o grupo é escolhido pelo próprio grupo! No entanto, isto nem sempre corre bem. Basta ver o estado atual do mundo...
Em liberdade temos de ouvir os outros, agir com a aprovação do grupo, “partir pedra no caminho”, para não magoar os “pés” de ninguém e, acima de tudo, tomar decisões. Talvez, estas sejam as maiores razões, para as atuais regressões da liberdade. A liberdade é a maior inimiga do poder autoritário! Mandados, não temos de decidir nada. Mandando, nunca somos contrariados. Assisti, um dia, a um episódio que explica bem isto: Alguém, um homem, pede a demissão de um cargo. Esse homem era muito competente. A chefe, não deu importância ao ato e “passou-lhe à frente”. Tipo fila dos correios: “Próximo!”
O meu pai dizia: “O melhor do 25 de Abril é todos terem a oportunidade para estudar! Os ditadores não querem gente que pensa.”
Ser questionado, por gente que sabe mais, assusta muito os/as líderes com perfil de ditadores/as disfarçados de democratas.
Muitos homens estão assustados com os direitos da mulher, porque, antes do 25 de abril, os pais e avós deles mandavam. Eram “os chefes” e, nos currículos, tinham apenas: “sexo masculino”. Sem esforço nenhum...
50 anos depois, existem pessoas que nos querem retirar os direitos, que, nós mulheres, conquistamos. Por exemplo, o direito de as mulheres mandarem no seu próprio corpo. Em França, o aborto já está na Constituição, devido a este tipo de pessoas que estão a “sair das cavernas”. De acordo com análises estatísticas, foram estas pessoas que “saíram” nas eleições Legislativas portuguesas, para irem votar.
Será que este facto se deve à qualidade dos líderes que temos. “Agarrados” ao poder?
Vai ser preciso cair da cadeira? Observo pessoas doentes a liderar (depressões, lutos patológicos, mania e narcisismo). Os doentes não sabem que estão doentes.
Nestes 50 anos a humanidade tem tido avanços e recuos, na liberdade. É notório o aumento das nossas carências, estamos mais vazios. Quanto maior a nossa carência, maior é a nossa cegueira. No escuro não sabemos escolher. Como é que é possível existirem mulheres, ao lado de homens, que defendem movimentos machistas?
Isto fez-me lembra-me uma frase de Jesus, filho do Deus, que estes grupos tanto pregam: “Perdoa-lhes, Senhor, porque eles (elas) não sabem o que fazem”.
Sem medo é obrigatório mais mulheres na política. Passamos e muito bem, de uma mulher “cabeça de lista” nas últimas Eleições Regionais, para 3 mulheres “cabeças de listas”, nas próximas Eleições Regionais. O “sexo masculino” já não é currículo desde o 25 de Abril.
Eles não passarão!
“Liberdade para mim é isto: não ter medo.” (Nina Simone)