Na História da Madeira há registos de pandemias.
A peste que assolou estas ilhas desde o seu povoamento e que assumiu proporções gigantescas no seculo XVI justificando o voto da cidade a S. Tiago Menor (um dos doze apóstolos de Jesus, também conhecido pelo Justo) de que neste ano se comemora os 500 anos.
A influenza, que no inico do século vinte, assumiu a variante dita espanhola, foi responsável por mais de 500 mortes registadas na Madeira nos dois anos mais críticos. A forma como a ilha procurou se defender foi sempre através do isolamento e do confinamento. Historicamente essa é a mais conhecida forma de evitar o contágio e as ilhas sempre procuraram dessa forma, evitar a entrada da doença. Manda a verdade que se diga, porém que, ao contrário de outras poucas ilhas que nunca tiveram manifestações de algumas das pandemias, a Madeira sempre registou casos embora em regra de dimensões mais reduzidas.
Também se pode relacionar as pandemias com as condições sociais em que elas proliferaram. Muitas encontraram lastro de propagação na pobreza, na falta de higiene e até na guerra. Na maioria dos casos ficou a consciência da fragilidade humana e da incapacidade das estruturas de poder. Das pandemias também resultou sempre efeitos nefastos para a economia que demoraram anos a ser debelados.
Não sou especialista em situações de saúde pública e acredito que se faz o melhor para evitar o pior, em especial numa ilha densamente povoada e exclusivamente dependente das estruturas de saúde que tem no seu território. Não podemos transferir afetados, nem alterar a geografia.
Os desafios do JM ora anunciados podem ser coordenados com o estudo dos efeitos das pandemias ao longo dos tempos na Região. Estamos a viver e a sentir o que aí vem em termos económicos e agudiza-se a necessidade de políticas publicas que acudam às empresas e em especial ao emprego. Reconhecemos que crescem as marginalidades e a justiça social é um objetivo para levar ao concreto.
No entanto, permitam-me que realce, a questão autonómica. A Autonomia por essência está associada á capacidade própria. Foi assim no século passado. Os locais desejavam que ficassem cá os recursos e a decisão da sua aplicação à satisfação das necessidades. Olhava-se o poder exterior como algo insensível e distante.
Hoje, porém, a distância já não existe e combate-se num clique que nos faz chegar num ápice a qualquer sítio. Por outro lado, a autossuficiência é uma miragem como é a ilusão de que estamos isolados do Mundo. A capacidade própria esbarra na enormidade de obrigações que temos de acudir e para as quais não temos meios.
Persiste a insensibilidade e a inércia. Estamos acomodados a um sistema que cada vez responde menos.
Que lugar para a Madeira na estrutura de uma União Europeia e de um País tão desequilibrado? Tenhamos a coragem de ousar e os vindouros nos agradecerão.