Na conclusão, entre muito que o Relatório aponta, um total de 95% dos jovens portugueses -em 2022 eram 10% da população-, e que são cada vez mais qualificados (9 em cada 10 jovens entre os 20 e os 24 anos têm, no mínimo, o ensino secundário, e Portugal é o 7.º país da UE com maior proporção de jovens com ensino superior) ainda vivem com os pais. Trata-se do quarto valor mais alto na União Europeia. Além do mais, corresponde a um efetivo e pernicioso recuo, na convergência que a todos devia motivar, já que este valor era de 86% em 2004.
O desemprego e a precariedade no mercado de trabalho são assinalados como os motivos mais relevantes para o cenário que se traçou antes. Concretamente, 6 em cada 10 jovens têm vínculos de trabalho precários. Portugal é, aliás, o 7º país da UE com maior taxa de desemprego jovem, afetando 1 em cada 5 jovens no mercado de trabalho.
A instabilidade laboral é, de resto, frequentemente associada aos jovens. Os contratos com um vínculo temporário são uma realidade para cerca de 6 em cada 10 jovens empregados (57%). Percentagem, muito acima dos 14%, que corresponde aos trabalhadores entre os 25-64 anos. Repare-se que comparativamente, na União Europeia, os contratos com um vínculo temporário abrangem 5 em cada 10 jovens com 11% dos trabalhadores na faixa etária dos 25-64 anos.
Já aferindo valores remuneratórios, em comparação com a população em geral, em 2021, o salário médio dos jovens entre os 18 e os 24 anos era de 948,8 EUR mensais brutos, menos 345,3 EUR do que a média nacional.
Tratam-se, assim, de motivos que muito contribuem, e explicam, que Portugal seja o 4.º país da UE, a seguir à Itália (97%), Croácia (96%) e Espanha (96%), em que mais jovens vivem com os pais. Percentagem bem acima da média europeia (83%). No contraponto na Suécia e na Dinamarca, os jovens que vivem com os pais são menos de metade do total de jovens. Em concreto, e de acordo com dados de 2022 do Eurostat, entre nós, a idade média de saída de casa dos pais era aos 30 anos, efetivamente mais 3 anos do que a média europeia.
Se os propósitos de quem nos governa é realmente, como foi amplamente propalado antes, durante e após a realização da JMJ, efetivamente atender aos jovens, urge criar condições, de facto, para que estes melhorem os seus salários em Portugal. Urge, sem os habituais adiamentos apostar numa eficaz política fiscal e parafiscal, que deixe de penalizar tanto o Trabalho. Tudo isto e construir efetivas políticas públicas de habitação, arrendamento e crédito, sobretudo direcionadas aos jovens.