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Artigo de Opinião

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22/05/2024 08:00

Em 2016, após o nascimento do meu filho mais velho, decidi fazer a coleção de cromos do Euro 2016, foi algo que já não fazia desde criança e, nessa altura, nunca completei verdadeiramente nenhuma caderneta, quer dizer, quase que terminei uma do futebol regional.

Dessa forma, voltei a entrar numa grande comunidade que é a comunidade dos aficionados por cromos ou figurinhas, como dizem os brasileiros. Do início dos anos 90 aos anos 2016 e desde então até ao momento, muita coisa mudou no colecionismo, já que, da comunidade local, se passou à comunidade global.

Mais do que a troca de cromos para concluir as coleções, sejam elas de futebol, sejam de algum outro tema qualquer, a verdade é que se tornou um hobby giro e dinâmico, trazendo diversos valores para toda a família.

Os grupos online vieram facilitar a troca, mas houve diversos aspetos que aprendi com este colecionismo.

A ética na troca, este é um dos pilares fundamentais, já que mando cartas para todo o lado e tem de existir uma grande confiança do outro lado. Como vou enviar aqueles cromos, como, da minha parte com aquela pessoa que me irá enviar os cromos negociados na troca se pode estabelecer um canal de confiança. Logo, a integridade das transações, mas, acima de tudo, a confiança que se deposita nas pessoas é um pilar numa comunidade. Como em todo o lado há pessoas pouco éticas, rapidamente saem do enquadramento desta comunidade.

A entreajuda e a solidariedade são aspetos notáveis nesta comunidade, verifica-se que todos ajudam na compilação dos cromos de outros, algumas vezes sem ganhar nada em troca, sendo que, em algumas ocasiões, se fazem leilões para causas sociais.

A conjugação intergeracional, uma quebra de qualquer preconceito de idadismo, deve ser uma das comunidades onde existe um verdadeiro combate ao idadismo, onde os colecionadores mais velhos ajudam os mais novos e os mais novos podem, verdadeiramente, ajudar as pessoas com mais idade. Também é um verdadeiro hobby para pais e filhos fazerem juntos, fortalecendo laços familiares. Os momentos que passamos a colar são momentos especiais, encontrar um cromo especial é fantástico. O desenvolvimento lógico com as coleções é importante para crianças, já que podemos perguntar-lhes: quantos cromos temos? Quantos falta para acabar a coleção? Ou mesmo quanto custa cada cromo se quisermos vender? Também a organização e planos para concluir o álbum. Outro aspeto que mais me impressionou foi, no último mundial, o meu filho mais velho conseguir distinguir todas as bandeiras e países, sabendo até qualquer coisa sobre essas regiões, logo com uma multidisciplinaridade.

Entre ele e os amigos conseguem desenvolver habilidades de negociação. Isso também faz as crianças saberem terem paciência e perseverança na conclusão da sua caderneta. Como é óbvio, a ajuda dos pais é fundamental, caso contrário irá passar a moda e haverá desistência.

Estes valores são valores que fazem falta na sociedade, mas, se conseguirmos trazer a comunidade do colecionismo de cromos para uma sociedade cada vez mais cheia de cromos, não será que se consegue mais e melhor pelo mundo?

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