Os últimos anos normalizaram o teletrabalho, dando origem a novas buzzwords – palavras da moda. Entre elas está a expressão Workcation que, linguisticamente falando, é uma aglutinação entre as palavras “work” (trabalho) e “vacation” (férias). Tal como o nome sugere, as férias de trabalho combinam as viagens de férias tradicionais com o trabalho remoto. Basicamente, em vez de trabalhar no escritório ou no sofá de casa, pode fazê-lo na praia ou nas montanhas.
Um grande número de pessoas já efetuava viagens que combinam trabalho e lazer, também conhecidas como viagens Bleisure, uma outra aglutinação que junta as palavras “business” (negócio) e “leusure” (lazer). Pense na prática já familiar de alargar a sua estadia numa cidade durante um fim de semana extra depois de uma conferência, em acrescentar dias de férias enquanto está numa viagem de negócios ou ainda em convidar um(a) parceiro(a) a acompanhá-lo(a) durante uma dessas viagens. A tendência agora é desfrutar de um destino de férias ao mesmo tempo que cumpre o seu horário de trabalho.
Uma série de testemunhos e políticas organizacionais mostram que a procura está a crescer. Segundo o Finantial Times, numa sondagem de 2023 da YouGov, 53% dos americanos que trabalham remotamente mostraram interesse em fazer férias de trabalho nos próximos 12 meses, interesse esse superior entre os jovens dos 18 aos 34 anos. Já um estudo de 2023 da Price4Limo concluiu que 45% das pessoas fizeram uma viagem de trabalho-lazer no ano anterior. As principais razões foram visitar a família ou amigos, a necessidade de uma mudança de cenário e o desejo de umas férias fora do horário de trabalho, mantendo a produtividade.
Muitas organizações encaram as férias de trabalho como um benefício pós-pandemia num mercado de trabalho competitivo. Outras como uma forma de aumentar a produtividade, ao mesmo tempo que proporcionam relaxamento, como trabalhar no meio da natureza (Green Desking), que estimula a saúde mental e a criatividade. Uma dessas variantes passa por oferecer as chamadas semanas “work from anywhere”. Empresas como a Google, American Express e Citigroup já autorizaram o trabalho a partir de qualquer local à escolha até 4 semanas por ano.
Contudo, as organizações que ofereçam este tipo de benefícios têm de lidar com questões regulamentares, tais como obrigações fiscais, regras de imigração, seguros e protocolos de segurança. Em muitos casos, com um visto de turista, o seu trabalho remoto pode ser considerado ilegal, responsabilizando-o a si e ao seu empregador. Além disso, deve ter cuidado com a segurança dos dados, uma vez que ao aceder aos sistemas da sua organização, pode colocá-la em risco, se utilizar uma rede Wi-Fi pública. Outros obstáculos envolvem chefias receosas de não conseguirem gerir as suas equipas à distância ou constrangimentos relacionados com os clientes. De resto, nem todos os locais são adequados. Uma boa casa de férias ou um hotel não são necessariamente bons sítios para se trabalhar. Daí a entrada recente de várias empresas no mercado dos destinos de férias de trabalho, como a Ashore – uma plataforma que permite às empresas reservar estadias curtas aos seus colaboradores, em casas adequadas ao teletrabalho.
Em suma, um planeamento prudente e uma boa escolha podem fazer com que as férias de trabalho funcionem bem, sem limitar a sua carreira profissional e a sua oportunidade de diversão.
Parafraseando Santo Agostinho: “O mundo é um livro, e aquele que não viaja lê só uma página.”