Num ponto de ordem extraordinário, Filipe Sousa, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz, alertou que “a ameaça de que a não aprovação do Programa de Governo trará o caos e o fim do mundo”.
“Não posso deixar de alertar e de lamentar aquela que é mais uma prática que não tem, ou não deveria ter, lugar num verdadeiro sistema democrático. Aliás, esta situação é apenas reveladora do quanto a nossa democracia é, de facto, condicionada e tem sindo manipulada ao longo de quatro décadas”, começou por escrever o edil.
Criticando o facto de na Madeira ter sido criada “uma teia de dependências, real ou imaginária, que levou à perpetuação de um mesmo partido no poder”, o autarca constatou que o PSD “atravessa a maior crise de todos os tempos, com um líder a prazo, desesperado e sem condições de se manter”,
“Refém do seu estatuto por razões conhecidas, quer fazer refém toda uma Região e a sua população à pala da ameaça de que a única saída possível é a sua manutenção ou o caos”, deplorou, considerando que esta é uma tomada de posição “preocupante”, sobretudo quando vemos vários setores sociais, económicos e até religiosos comunga desta mesma versão.
“Empresários, políticos, Igreja, desporto, associações, cooperativas e sindicatos, todos unidos na versão de que será o fim caso este Governo não se mantenha em funções. Se em tempos duvidei do famigerado défice democrático, agora ele apresenta-se com toda a sua pujança e a sua assustadora realidade. Não é normal toda uma sociedade se sentir refém de um Governo e de um partido, negando que a democracia e as suas prerrogativas funcionem. O parlamento e o seus eleitos não têm como função manter o Governo a todo o custo, nem são lacaios de um partido que se quer perpetuar na sombra de um líder sem condições. Isto é a negação do regime parlamentar e da própria democracia”, vaticinou.
Para Filipe Sousa, este é um cenário “assustador”, pedindo assim ao Parlamento que acabe, de uma vez por todas, com a síndrome de Estocolmo que parece ter tomada de assalto toda a sociedade madeirense.
“Sei do que falo porque em 2013, quando o JPP conquista o poder em Santa Cruz, também se tentou fazer crer que seria o fim deste concelho, até a câmara ia fechar num prazo de três meses. Como se sabe, nada disso aconteceu, e Santa Cruz está hoje melhor e recomenda-se. Agora volta a mesma pressão, comprovando a “podridão” do sistema que o PSD/CDS implementaram na RAM e que conduziu a esta decadência das instituições, incluindo a própria Igreja católica. Criaram o caos e agora dizem-se os únicos que podem resolver os problemas que eles próprios criaram”, terminou.