O Governo Regional pretende atingir este ano 100% de utentes com médico de família nos centros de saúde e vai refletir sobre a forma de tornar o sistema regional mais atrativo para novos profissionais.
“Mantivemos este ano apenas as 40 vagas que tivemos em 2023. Tínhamos pedido 66 vagas. É preciso refletir sobre o que precisamos fazer para [o Sistema Regional de Saúde da Madeira] ser mais apelativos a novos médicos”, disse hoje o secretário da Saúde madeirense na cerimónia de receção de 80 internos.
Dezasseis das vagas atribuídas à Madeira para a formação específica pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) não foram preenchidas.
Pedro Ramos salientou que a cobertura atual de utentes com médico de família na região é na ordem dos 95%, sendo o objetivo do executivo madeirense, assegurar “100% este ano”.
Os dados indicam que, entre 2018 e 2023, 174 médicos escolheram o Serviço Regional de Saúde (SRS) para realizar a formação médica especializada, 62 dos quais em Medicina Geral e Familiar, o que tem permitido “o reforço gradual dos cuidados primários na região”.
O governante sustentou que o SRS da Madeira é “diferente”, realçando, entre outros aspetos, que “não tem greves, quando está de urgência tem todas as especialidades e tem serviços de atendimento urgente em oito centros de saúde, sendo quatro com 24 horas”.
Pedro Ramos referiu ainda que a Madeira procedeu ao “reconhecimento de todas as carreiras” na saúde e mantém uma “relação de diálogo” com as estruturas sindicais ligadas ao setor.
Quarenta dos médicos internos iniciam agora a formação específica, em 23 especialidades, variando a duração entre os quatro e os seis anos, sendo para os restantes de um ano.
O governante apontou que muitos terão como “desafio final” passar a trabalhar no novo Hospital Central e Universitário da Madeira, que está a ser construído em Santa Rita.
Pedro Ramos destacou, por outro lado, a evolução do Sistema Regional de Saúde ao longo das últimas décadas, realçando que já “não é só para residentes e visitantes”.
Segundo o responsável, o SRS, por ser “confiável”, tornou-se no “Sistema da Macaronésia”, porque a Madeira tem vindo a estabelecer parcerias com os arquipélagos dos Açores, Canárias e Cabo Verde, além de diversas universidade nacionais, internacionais e institutos.
“A área da investigação e novidade é uma realidade na Madeira”, acrescentou, apontando como exemplo o Centro de Simulação Clínica, instalado no atual Hospital Dr. Nélio Mendonça, que surgiu há 10 anos e “nunca esteve parado”, somando mais 700 cursos para graduados e pós graduados, mais de 6.000 formandos e mais de 11 mil horas de formação.
O secretário regional adiantou também que ainda este mês será inaugurado o espaço físico do Centro Internacional de Investigação do Cancro e Doenças Prevalentes da Madeira, um projeto que conta com o apoio de 10 mecenas e representa um investimento de cinco milhões de euros, divididos por cinco anos.
Na sua intervenção, Pedro Ramos falou igualmente sobre as listas de espera, admitindo que, tendo a Madeira “um hospital diferenciado, tem problemas”, uma situação que acontece porque “deixa para secundário o que não é urgente”.
Falando também sobre a situação das altas problemáticas, o governante indicou que atingem “as duas centenas num hospital com 785 camas”.
“Não os podemos acolher, mas também não os podemos abandonar” e é preciso encontrar outro tipo de soluções para proteger estas pessoas, defendeu.
Por outro lado, o secretário regional assegurou uma aposta na maior “robotização na especialidade cirúrgica que será uma realidade também na Madeira”.