O interrogatório aos três detidos no âmbito de uma operação contra a corrupção na Madeira ainda não tinha começado pelas 18:00. Funcionária disse aos jornalistas que hoje, excecionalmente, os procedimentos iriam decorrer até às 20:00.
Segundo a mesma fonte, junto ao Tribunal Central de Instrução Criminal, no Campus da Justiça, em Lisboa, foi o próprio juiz, Jorge Bernardes de Melo, quem pediu para que, excecionalmente, estes funcionários não fizessem greve às horas extraordinárias e prolongassem o horário das 17:00 até às 20:00.
Pelas 16:00, o juiz terá indicado a leitura dos factos aos detidos, o ex-presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), e os empresários Avelino Farinha e Custódio Correia.
Com os trabalhos a decorrer até às 20:00, podem iniciar-se ainda hoje os interrogatórios aos detidos.
Os procedimentos de hoje começaram depois das 09:00 e, ao final da manhã, Paulo Sá e Cunha, advogado do ex-autarca do Funchal, Pedro Calado, afirmou que os advogados tinham conseguido consultar os documentos todos e estavam, portanto, “em condições de avançar com os interrogatórios logo que possível”.
De acordo com Paulo Sá e Cunha, os interrogatórios não tiveram lugar durante a manhã devido a “motivos processuais”, escusando-se a revelar mais pormenores tendo em conta que, conforme explicou, o processo está “ainda em segredo externo”, pelo que não pode divulgar publicamente o que está na diligência.
No sábado, fonte judicial adiantou que o inquérito deverá começar pelo empresário Custódio Correia, principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, seguindo-se Avelino Farinha, líder do grupo de construção AFA, e, por último, o agora ex-presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado.
Os interrogatórios estavam previstos começarem no sábado, foram adiados para segunda-feira, mas os advogados exigiram ver os documentos apreendidos nas buscas, o que voltou a adiar as audições para hoje, segundo fonte judicial.
Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia foram detidos na quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias efetuadas pela PJ sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente.
A operação também atingiu o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi constituído arguido e oficializou na segunda-feira a renúncia ao cargo, que tinha anunciado na sexta-feira.
Em causa estão suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência, segundo a PJ.
De acordo com documentos judiciais a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público refere que o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), o ex-presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado (PSD) e o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, estabeleceram, “ao longo do tempo, uma relação de particular proximidade e confiança” que terá beneficiado aquele grupo empresarial “ao arrepio das regras da livre concorrência e da contratação pública”.
Entre os contratos alvo de investigação criminal, de acordo com os documentos judiciais estão a concessão de serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do Teleférico do Curral das Freiras, o projeto da Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.