O diretor da Casa de Saúde São João de Deus apelou, esta tarde, à criação de uma comunidade terapêutica na Madeira e a uma maior aposta na prevenção, no tratamento e na reabilitação das pessoas com problemas com a droga. Eduardo Lemos revelou que desde 2012 já foram feitos mais de 1000 internamentos “por desorientação mental devido a drogas”.
O enfermeiro foi ouvido na Comissão Especializada de Saúde e Proteção Civil na sequência do requerimento de Audição Parlamentar, do PSD, que tem por objetivo obter “esclarecimentos sobre programas de combate e dissuasão do consumo de drogas e substâncias psicoativas na RAM”.
Após a pandemia aumentou o número de casos de internamento, tendo se verificado 233 internamentos em 2021, e entre 2022 e 2023 a média foi de 206 internamentos por ano.
“As drogas provocam uma desorganização global, grave e aguda no indivíduo. Alucinações e delírios são os quadros psicóticos detetados” nas pessoas que de alguma forma “põem em causa a boa organização social”, começou por caracterizar este especialista em saúde.
Atualmente, “a taxa de incidência é elevada, mas o aparecimento de novos casos não é tão acentuado”, estando a média de idades da população tratada na Casa de Saúde São João de Deus entre os 30 e os 35 anos.
Por isso Eduardo Lemos propõe uma nova estratégia para o combate ao consumo de drogas e de substâncias psicoativas que passa pela criação de uma comunidade terapêutica. “Devíamos avançar para uma comunidade terapêutica porque é uma mais valia para o modelo de internamento, onde se aposta em internamentos mais longos e mais entrosados com as várias disciplinas da área da saúde”.
Eduardo Lemos revelou que já há uma “task force” regional a trabalhar numa estratégia de combate e tratamento das toxicodependências que envolve a Secretaria Regional de Saúde e os diversos parceiros sociais que trabalham a problemática, incluindo os tribunais. Ainda assim insistiu no reforço de medidas de prevenção primária, de diagnóstico, de tratamento e de reinserção social.
Aos deputados disse, também, ser importante criar “casas de acolhimento temporário” e desafiou “as entidades públicas e privadas” a apostar no emprego das pessoas tratadas, com vista à reabilitação e reintegração social. “Temos de ter centros que tratem destas questões com vista inserção no mercado de trabalho”, revelando que a Casa de Saúde São João de Deus está a dar o exemplo com a integração de colaboradores, “uma tarefa que faz parte da nossa responsabilidade social”, concluiu.