Ao contrário do que fora garantido ontem ao JM pelo Sindicado Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), os motoristas da Rodoeste e da CAM – Companhia de Autocarros da Madeira, que engloba a SAM e a Empresa de Automóveis do Caniço e que hoje cumprem o terceiro dia de greve este ano, já não vão dirigir-se à Quinta Vigia, para pedir a intervenção de Miguel Albuquerque, junto da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF), no sentido de promover o arranque das conversações para concertação coletiva.
Conforme justificou ao JM Manuel Oliveira, vice-presidente desta entidade sindical, este passo atrás prende-se como o decidido em plenário de trabalhadores, que se realizou esta manhã no Campo da Barca, junto às instalações da Rodoeste, onde estiveram concentrados dezenas de motoristas destas transportadoras privadas.
“Estamos agora numa época eleitoral e estes trabalhadores também não pretendem ser ferramentas de ninguém”, afirmou o responsável.
Não obstante esta ‘desistência’, segundo o sindicalista, a adesão a este período de greve foi “satisfatória”, rondando os 80% a 85% na Rodoeste. No entanto, realça que esta paralisação deverá ter um impacto na operação desta terça-feira na ordem dos 90%.
“Porque a carga horária diária feita por estes trabalhadores anda, em média, à volta das 10/11 horas por dia. Estes trabalhadores têm muita carga de trabalho suplementar. Portanto, não estamos apenas a falar de 8 horas de trabalho por trabalhador e é por esse motivo que a perturbação que irá ser feita na operação vai ser superior ao percentual da paralisação”, aclarou Manuel Oliveira.
Quanto à SAM e à EAC, o dirigente sindical recusou-se a adiantou números, apontando apenas que a realidade destas transportadoras é um pouco diferente, acusando-as de condutas persecutórias.
“Nomeadamente a SAM entende perseguir. É o quero, posso e mando, como se estivesse num regime ditatorial. A arma que a SAM acha que tem é o processo disciplinar e a perseguição”, avançou, dando garantias de que o SNMOT procurará resolver esta situação pelos meios judiciais.
Mais greves podem estar à vista
Manuel Oliveira mais informou que os trabalhadores já mandataram o sindicato para enviar um ofício à ACIF para solicitar uma reunião para a abertura da via do diálogo, a fim de iniciar o processo negocial.
“No caso da via do diálogo não ser aberta dentro do prazo que irá ser disponibilizado, as formas de luta terão de ser reativadas”, avisou.