Um dos temas de discussão no plenário desta semana, foi a reintegração do pastoreio na serra, tendo o PAN estado no terreno com os pastores no passado sábado, nas zonas altas de Santo António. Em comunicado enviado às redações, este partido defende a sua visão sobre esta atividade.
A atividade silvopastoril está prevista no decreto legislativo regional nº35/2008, sendo permitido os animais na serra desde que com a devida licença, contudo, existem limitações e vários aspetos a considerar, que têm sido reivindicados pelos próprios pastores ao longo dos anos. Esta é uma questão complexa, que esbarra agricultura e ambiente, tendo que haver a garantia de um equilíbrio para salvaguarda de ambas as partes.
“Os incêndios que ocorreram na zona oeste da ilha trouxeram, à tona uma discussão antiga que merece, sem dúvida, ser debatida, mas não na base do aproveitamento político e do discurso populista. O PAN é a favor do pastoreio, através da utilização do gado em zonas estratégicas, desenvolvendo esforços conjuntos na criação da melhor resposta, através da revisão do Programa Regional de Ordenamento da Floresta, que se encontra a ser discutido em breve e que abrange as questões ligadas à pastorícia.”, refere a deputada do PAN, Mónica Freitas
É no âmbito deste grupo de trabalho, e considerando os factos apurados ao longo dos últimos anos, que o Governo deve olhar com seriedade e ponderação para esta questão, auscultando especialistas no sentido de perceber efetivamente que tipo de plantas é que este tipo de gado consome e em que fase do seu desenvolvimento e ainda se isso, a nível digestivo não tem efeitos nefastos nestes animais. Por isso dizer que o gado na serra serve de prevenção aos incêndios é falacioso, sobretudo nesta fase, em que as serras estão cobertas de plantas infestantes, sendo necessário um investimento mais a fundo e um trabalho complementar de limpeza dessas zonas.
“Este trabalho tem custos orçamentais, até porque temos que ter consciência que estamos a falar de mais de 3 mil hectares, dos quais 2 mil são terrenos privados, e dos públicos, cerca de 80% tem uma inclinação acentuada o que dificulta os trabalhos.”, refere ainda em nota de imprensa o partido defensor das pessoas, animais e natureza.
O partido defende ainda, a importância de perceber na prática, se o gado consome efetivamente plantas, como acácia, pinheiro e eucalipto, as três possíveis maiores causas do ganho de altura dos fogos e consequente aumento da perigosidade pela capacidade que o fogo ganha de se projetar para distâncias maiores.
O projeto de lei do Partido Socialista, explana os direitos e deveres dos pastores, à qual o PAN está de acordo, contudo, tem um caráter generalista quanto ao pastoreio, afirmando ainda na sua proposta que os terrenos devem garantir as necessidades alimentícias do gado, mas não menciona a proteção da floresta nativa, sendo fundamental, proteger espécies como o til, folhado e urze, que tem um papel essencial no nosso ecossistema e que outrora eram consumidas pelo gado.
“O PAN é um partido, ambientalista, e como tal, não só temos que garantir o bem-estar animal, como também a preservação da nossa natureza, reforçando que a nossa floresta não é só Laurissilva, e que a reintrodução destes animais, deve ser feita de forma organizada e planeada, de modo a proteger espécies endêmicas.”
No âmbito da discussão em plenário, a deputada defendeu o compromisso que assumiu com os pastores, em exercer a sua influência sobre esta matéria junto do órgão responsável de governo, estando a mesma ser trabalhada de forma conjunta, e tendo em consideração as preocupações e necessidades dos pastores para o exercício desta atividade.