Prossegue hoje o Encontro da Educação Especial na Região, sob o mote ‘(Re)construir a Escola Inclusiva: Desafios e Oportunidades’, que, esta manhã, conta com a intervenção do médico pedopsiquiatra Pedro Strecht.
Francisco Oliveira, coordenador do Sindicato dos Professores da Madeira [SPM], entidade que organiza o evento, apresentou o médico, relevando a sua experiência profissional, onde se inclui a passagem como docente pelo ensino secundário.
Especialista em psiquiatria da infância, exerceu diversas funções ao longo da sua vida profissional e foi professor do ensino secundário. Atualmente, trabalha em consulta privada em Lisboa. Aspira a ser conhecido um dia somente como “humanista”, assim descreveu Francisco Oliveira sobre Pedro Strecht.
O médico começou, perante uma plateia repleta de professores, por abordar as perturbações de ansiedade em meio escolar, tema central da sua intervenção. Mas dirigiu-se, grosso modo, aos docentes de educação especial, admitindo o impacto que as vivências escolares podem ter nestes profissionais.
“O impacto que essas experiências têm em nós equador pessoas”, observou a propósito.
Para o orador, grande parte do funcionamento emocional acaba por ter um lado “que, até para nós próprios, pode ser inconsciente”, evocou, expondo um caso clínico concreto relacionado com ansiedade escolar.
Também circunstâncias externas, na ótica do médico, influem. “É vivida e sentida pela própria criança no seu mundo interior. Cá fora parece que não se passa nada, mas interiormente, e na realidade interna dela, as coisas podem ganhar outra dimensão e ter um peso ansiogénico”, elaborou, realçando um episódio de uma criança com ansiedade escolar.
“Tanto os educadores, como os professores, reconhecem pequenos sinais disto”, afirmou, fundamentando-o com olhares baixos, uma linguagem corporal ansiosa, etc. “É importante valorizar em pequenas doses”, disse Pedro Strecht para a plateia de professores.
O médico de Pedopsiquiatria, esta manhã, em declarações ao JM, considerou que o estigma que poderia existir, relativamente à educação especial, foi-se esbatendo ao longo dos anos e hoje a escola inclusiva é uma realidade.
Ainda em declarações produzidas ao JM, o médico referiu que, da sua experiência profissional, assistiu a um incremento de casos de ansiedade após a pandemia de covid-19.
Para o clínico, é fundamental a mobilização da sociedade para trabalhar na inclusão.
“Somos diferentes nas nossas vivências e temos de fazer um esforço para incluir”, notou, aclarando que, apesar do que é veiculado, “vivemos em sociedades de exclusão”.