MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Engenheiro

8/12/2022 08:00

Se os assuntos da governação andavam lassos e a irresponsabilidade reinava, agora com o Mundial, é fartar vilanagem. Mas não é só a bola que ajuda à festa, as patetices dos activistas climáticos também contribuem e muito. Gastando mais cola do que neurónios, lá montam a barraca nos liceus e atazanam a vida dos pobres portugueses e de alguns infelizes ministros. Mas se a bola e um punhado de alunos (ou será alunes?) não bastasse, nada melhor do que, a coberto dos direitos humanos, alimentar uma polémica sobre as viagens dos nossos responsáveis máximos ao Qatar e assim se entretém as massas, Doha a quem doer…

Este estilo quase delinquente de fazer política deixa-me verdadeiramente incomodado, onde nos levará esta maioria absurda deste PS à deriva? Costuma-se dizer que quando os políticos perdem a vergonha, o povo perde o respeito…e se ainda existe algum, este deve estar mesmo nas últimas. Não é só o Governo que de dia para dia definha, são as empresas públicas, são as instituições públicas que agonizam numa ineficiente e paralisante burocracia. Mas parece que está tudo bem…como é possível? O povo português não pode ter a falta de discernimento dos alunos apanhados pelo clima, ou será que somos uma causa perdida e o castigo é o socialismo eterno?

Como se a tragédia não fosse já eminente, como se o icebergue da realidade não estivesse já à vista, temos o Presidente da República completamente alheado do navio, em parte incerta ou a comentar alguma coisa de relevância política absolutamente insignificante. Há que dizê-lo, este comportamento compulsivo de Marcelo Rebelo de Sousa tem sido uma ajuda providencial a António Costa. Mas esta divina Presidência, além de ajudar "bastante" o Governo, fornece ainda e numa base semanal, material de primeira para alguns humoristas tugas, que agradecem e retribuem com piadas de mau gosto. Este comportamento algo exótico do PR e toda a actividade jocosa e insultuosa adjacente tem contribuído para o descrédito das instituições democráticas portuguesas, sim, de todas as instituições, não apenas a da Presidência da República.

Este cenário inédito e descontrolado é pernicioso para a democracia portuguesa. Este gozo continuo, esta irrelevância permanente provoca erosão e desgasta as instituições e aquilo que representam. Estas perdem o simbolismo, perdem a dignidade e por fim, deixam de fazer sentido, anulam-se e extinguem-se. Nós, sociais-democratas, os verdadeiros democratas, não podemos deixar que esta degradação progrida, não podemos permitir que o sistema democrático português entre em falência. Um sistema que levou décadas a construir não pode ser destruído desta forma. O nosso empenho tem de ser forte, temos de acreditar mais do que nunca nos nossos princípios e nas nossas causas. O exemplo da Madeira é paradigmático, mesmo com as sucessivas maiorias absolutas ao longo de mais de quarenta e cinco anos, nunca deixamos de respeitar os princípios da democracia e as instituições democráticas da Autonomia. Ao nível da República, este entendimento do que representam as instituições, a consciência do respeito e da convivência (que é diferente de conivência) dos diversos níveis de poder têm de ser urgentemente restabelecidos. Sá Carneiro, em 1980 afirmava convictamente: "Uma democracia que não se defende vigorosamente não tem o direito de sobreviver". Infelizmente a pertinência desta afirmação é ainda actual e a ameaça é real, não vamos baixar os braços, não vamos "gozar com quem trabalha", vamos defender a nossa democracia, vamos defender o nosso futuro, o nosso país.

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