MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

18/08/2022 08:00

Hoje, a tecnologia presenteia-nos com a possibilidade de fazermo-nos acompanhar daquela caixa compacta maravilhosa que tira fotos, faz vídeos, nos localiza por GPS e nos permite aceder ao virtuoso mundo da internet para efetuarmos compras e pagar as contas que nos chegam à caixa de correio virtual. Sim, porque a outra (a original) acumula pó e teias de aranha, sendo pontualmente invadida pelos agentes imobiliários, isto para não falar da infalível autoridade tributária, sempre a recordar a nossa qualidade de bons contribuintes. Ah, e até já me ia esquecendo: a dita caixa (compacta, maravilhosa, etc.), serve também para fazer telefonemas. Não que seja assim tão importante, claro, mas também faz isso!

Por causa deste aparelho, as férias ganharam outra envolvência, pois dificilmente resistimos ao chamamento das redes sociais e ao fluxo constante de notícias sobre tudo e sobre nada. Talvez as minhas escolhas estejam mal calibradas e, por isso mesmo, deixei de seguir certos órgãos de comunicação social, tal tem sido a falta de qualidade das "notícias" que vêm a público. A juntar à festa, dei por mim a reflectir sobre o seguinte: as novidades de verão são invariavelmente as mesmas de alguns anos a esta parte - incêndios, alterações climáticas, seca e falta de professores para o arranque do ano letivo, já para não falar da rentrée política ou dos desacatos noturnos em bares e discotecas!

A nível nacional, o drama dos incêndios trouxe novamente a público as eternas discussões entre os intervenientes do costume. Percebemos que algo vai mal no combate aos fogos, percebemos que o ordenamento florestal não é o desejável, percebemos que faltam meios e que os acessos não são os melhores mas… percebemos também que não aprendemos assim tanto com as experiências passadas. E o mesmo se passa com as ondas de calor e o drama (legítimo) das alterações climáticas e a necessidade de mudar comportamentos urgentemente. Por outras palavras, chegar ao verão é cair numa bolha do tempo onde os temas sucedem-se em loop, fazendo-nos recuar ao passado. E a pergunta torna-se inevitável: o que fizemos desde a última vez para inverter a situação e o que estamos realmente dispostos a mudar para reverter o rumo dos acontecimentos?

Dito isto, relembro que, brevemente, celebra-se uma das maiores efemérides a nível europeu. Refiro-me à Semana Europeia da Mobilidade que se comemora entre 16 e 22 de setembro, subordinada ao tema "Better connections", assente em cinco pilares fundamentais: pessoas, lugares, transportes públicos, planeamentos e políticas. Em suma, os ingredientes-chave para estimular mudanças comportamentais a favor da mobilidade ativa. Debates sérios e medidas concretas seriam muito bem-vindos.

Uma curiosidade para terminar: à data da redação deste artigo estavam inscritos no site oficial do evento, "apenas" 36 municípios portugueses. E para já, nenhum da RAM! Seria francamente desolador verificar que, sendo os transportes uma área crucial para o desenvolvimento regional e para o cumprimento das metas do Pacto Ecológico Europeu, não nos mobilizássemos para discutir aquele que, na minha humilde opinião, será seguramente um dos maiores desafios que a Região tem pela frente. Business as usual? Acredito que não.

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