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Artigo de Opinião

Subdiretor JM

4/05/2024 08:05

O povo não sai à rua. Todos lamentam tamanha apatia. Mas não se questionam nem se percebem as reais (des)motivações do tal povo que serve para dar e retirar força a uma qualquer causa.

O povo que viveu Abril costuma ser mais participante. Lembra-se das restrições inconcebíveis que prevaleciam antes da Revolução. Mas não esconde as frustrações de quem sonhou com tanto e acabou por colher muito menos do que semeou.

Os que têm 50 anos ou menos, retêm o desalento de ouvir falar em lutas e conquistas, mas choram as desigualdades que resultam da falta de oportunidades.

A maioria vive entretida com casos e casinhos, como os que embrulhou o próprio Presidente da República. De facto, Marcelo atravessa por estes dias um turbilhão de emoções. E já há quem recorde, com estranha saudade, os tempos em que desfilava nas ruas à procura de selfies e não dos microfones. Período em que se destacava por ser uma espécie de celebridade – abusava do populismo, é verdade – e não pelo que dizia.

Marcelo está na Presidência da República há sensivelmente oito anos. Cerca de 2.920 dias de um ‘reinado’ recheado de selfies e mais selfies. Fartou-se, ao que parece, das fotos. Até porque serão poucos os que já não guardam essa recordação...

O momento, agora, será outro, o de falar sobre tudo e sobre nada. De dizer que cortou relações com o filho por causa do caso das gémeas ou de desencantar outros problemas, como o das reparações às antigas colónias, na ânsia de desviar atenções. Esquece-se, eventualmente, que o denominador comum é sempre o mesmo, o próprio Marcelo.

O Presidente fala tanto que até se esquece dos seus deveres, como aconteceu quando decidiu convocar eleições antecipadas e descaiu-se nas audições aos partidos. Resultado: os últimos a serem ouvidos já sabiam que iriam a eleições pelos jornais e por declarações públicas dos primeiros. Podem compará-lo a um livro aberto. Mas estes últimos capítulos da sua história têm se revelado conturbados e desanimadores.

São muitas as desventuras que afastam o povo de mais e melhores exemplos de cidadania. A participação ativa na vida pública resume-se, salvo exceções, na preocupação com os seus e não no bem comum. Em traços simplistas, são muitos os que aparecem quando entendem poder ser benéfico para os seus. E o atual estado do País não ajuda a afastar a ideia generalizada de que a política existe para alguns se servirem dela.

As denúncias anónimas assumem hoje um papel extraordinariamente principal. E até já há quem as antecipe, como fez a Câmara Municipal de Santa Cruz, que alertou neste Jornal para o queixume que aí vem sob a forma de anonimato. A suspeição tem sido suficiente para questionar tudo e todos, fazer cair governos e precipitar demissões.

Maio promete ser um mês determinante. Para o futuro da Região, mas também para a forma como os madeirenses olham para os diferentes atores políticos que os representam. Numa altura em que a Madeira necessita de estabilidade governativa que a liberte do estado paralisante em que se encontra, é preciso que o povo compareça nas urnas. Mesmo os que dispensam manifestações e cânticos. É preciso que todos escolham um caminho e não se limitem a dizer mal, apenas, de quem teve a ‘responsabilidade’ de escolher o seu.

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