MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Engenheiro

19/08/2021 08:00

Este ambientalista simplório já não tem qualquer relação com os radicais cabeludos da Greenpeace, que de forma corajosa hasteavam as suas bandeiras nas baleeiras russas ou nas plataformas petrolíferas no Ártico. Esta malta rija, que pouco banho tomava (claro que por razões estritamente ambientais) andava de bote de borracha e encharcada até aos ossos. Os seus congéneres atuais andam de sofá e de teclado em punho, evangelizando meio mundo através da internet e das redes sociais. Sem factos e com meias-verdades lá vão conseguindo os seus intentos. Atualmente este ativismo ambiental evolui para um ativismo social radical e a proliferação destas células de pensamento único sobre determinadas matérias ameaça as nossas débeis democracias.

Este ativismo social que tribaliza a sociedade, inspirado nos manuais de uma certa esquerda radical está a trair os princípios da democracia e a impor a vontade de minorias, quebrando todas as regras de respeito pelo livre-arbítrio do cidadão comum. Nesta idade das trevas do século XXI somos controlados por um tipo de inquisição, que vigia a alimentação, os costumes, a cultura, a identidade, o humor, a linguagem e tudo em nome de uma visão maniqueísta e perversa de uma modernidade que quer renegar o passado e a história.

São banidos livros pela linguagem utilizada. São banidos livros porque o autor durante a sua atribulada existência fez coisas que se calhar não devia (eu não quero casar com o escritor, só o quero ler...). São banidos livros infantis porque contém conteúdo alegadamente sexistas, o Capuchinho Vermelho e a Gata Borralheira estão na lista (até já começo a ter pena do lobo e da madrasta). O coitado do Tintin, não teve melhor sorte e foi também banido porque fez uma viagem ao Congo (e eu a pensar que era pelas meias brancas). Segundo a opinião de duas tresloucadas norte-americanas, o príncipe acordou a Branca de Neve com um beijo não consentido, e querem acabar com a cena…. ainda bem que não se lembraram de questionar se a maçã era biológica.

São retirados quadros de galerias porque algum iluminado acha que atenta contra o corpo da mulher e estamos a falar de maminhas ao léu, nada mais. Por ferir o cérebro e o estomago impolutos (e provavelmente também vazios, os dois) de uns vegetarianos universitários, foi retirada da cantina de Cambridge um quadro flamengo com umas aves penduradas. Em Coimbra as vacas é que estão sobre fogo, ou melhor, não estão, porque deixaram de ser cozinhadas nas cantinas universitárias, parece que querem ser neutros em carbono…e em proteínas também.

Esta completa ausência de cultura democrática e de respeito pelas costumes, hábitos e ideias dos outros está a tornar-se norma e está a contaminar a sociedade. A par da tribalização da sociedade, na política também se assiste a comportamentos demasiados extremos e defensivos, onde a falta de ética democrática nos debates e mesmo na convivência institucional são mais que evidentes.

Todos nos lembramos da situação ocorrida no ano passado, aquando da comemoração do dia da cidade do Funchal, em que o executivo camarário não permitiu que o Governo Regional usasse da palavra na cerimónia. Este ano como será? Não sei, mas ao que parece o provável é que volte a haver censura. Ou talvez até não, até porque o representante do Governo já não será Pedro Calado…

Este é ou não é o comportamento de um democrata simplório? Eu também acho que sim, mas tenho que ir andando: vou avisar o Max para dar um jeito na música "Pomba Branca", tem tudo para correr mal.

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