MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Engenheiro

18/08/2022 08:00

Além das redes urbanas e rurais de distribuição, muito foi também feito para reforçar os sistemas em alta de forma a entregar aos municípios, água de consumo público competente. Com o surgimento do IGA, congregou-se o conhecimento e a competência dispersos na estrutura administrativa regional, criando um corpo técnico capaz e focado numa gestão hídrica da Madeira e do Porto Santo cada vez mais eficiente e moderna. Este instituto, que depois se tornou uma empresa pública, pensou, projectou e executou a grande maioria das infraestruturas que ainda hoje definem a coluna vertebral do abastecimento público dos municípios do Funchal, Santa Cruz, Machico, Santana, Calheta, Ponta do Sol, Ribeira Brava, Câmara de Lobos e Porto Santo.

A ARM, quando foi criada, incorporou todos os quadros altamente competentes e conhecedores dos sistemas e redes de abastecimento da antiga IGA e juntou ainda o sistema público de regadio agrícola da RAM, criando uma estrutura com responsabilidades acrescidas. Actualmente, a ARM tem por objeto a exploração e a gestão do sistema multimunicipal de águas e de resíduos da Região Autónoma da Madeira, bem como a conceção e construção das infraestruturas e equipamentos necessários à sua plena implementação, concedidas em regime de serviço público e de exclusividade. Diariamente, são mais de 250.000 pessoas que utilizam água que foi captada, produzida, tratada, analisada e aduzida pela ARM. Além do número de utilizadores ser expressivo, a complexidade e sensibilidade dos sistemas é significativa e requer o trabalho incessante e intrépido de cerca de quatro centenas de colaboradores, entre levadeiros, operadores, técnicos e engenheiros, que incorporam o sector das águas da ARM. Este enorme desafio de levar água das origens remotas até às casas e às parcelas aráveis dos madeirenses e porto-santenses exige uma grande capacidade técnica e uma entrega absoluta, além de um respeito inalienável por este recurso que é cada vez é mais escasso.

Esta escassez não é retórica de ambientalista radical (não contem comigo para esse peditório), esta escassez é um facto, um facto que tem de ser encarado com realismo e acautelado com pragmatismo. Esta situação impacta também com os fenómenos das alterações climáticas, pois as chuvas são cada vez mais raras, traduzindo-se na diminuição das nossas reservas e disponibilidades. Foi com este propósito e no contexto de adaptação às Alterações Climáticas que o Governo Regional, através da ARM viu ser aprovado o "Plano de Eficiência e Reforço Hídrico dos Sistemas de Abastecimento e Regadio da RAM", a candidatura regional da componente de Gestão Hídrica, do conhecido Plano de Recuperação e Resiliência nacional. Ao todo, serão setenta milhões de euros que serão investidos num conjunto de nove projectos, tendo como linhas orientadoras a otimização da utilização dos recursos existentes, a captação de águas desaproveitadas, a constituição e ampliação das reservas estratégicas e a interligação de diversas origens de água.

Estes nove projectos estão de alguma forma interligados e complementam-se, e sempre que possível numa lógica de fins múltiplos, antevendo-se o aproveitamento da água para abastecimento público, regadio e mesmo para a produção de energia eléctrica. Também na abordagem estratégica dos projectos, tentou-se ao máximo criar sinergias com infraestruturas já construídas ou em construção, complementando ou reforçando os sistemas actualmente em operação. Com estas intervenções procurou-se dar uma resposta cabal à escassez de água crónica nos sistemas de abastecimento público de água e de regadio da Costa Sul da Ilha da Madeira e da Ilha de Porto Santo e evitar a sobre-exploração das captações subterrâneas de água, preservando estas importantes reservas. Neste processo de adaptação e mitigação das alterações climáticas, prevê-se também aumentar a resiliência dos sistemas aos fenómenos de seca, bem como assegurar o uso eficiente da água e promover a sustentabilidade económica e ambiental do recurso. Por falta de caracteres ou por utilização excessiva dos mesmos… vou ter que deixar a descrição dos projectos para um futuro artigo, mas será com muito gosto que o farei. Até lá, poupem o que puderem de água, porque: Água é Vida.

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