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Artigo de Opinião

HISTÓRIAS DA MINHA HISTÓRIA

7/01/2022 08:00

A anteceder o Natal, foram inúmeras as publicações online a promover a venda de cães. Criadores de todo o país mostravam imagens de peludos fofinhos, dormindo serenos ou brincando com os irmãos da ninhada. Seguiam-se listas de interessados a indagar o preço e a expressar o desejo de adquirir um daqueles exemplares para oferecer a si próprio ou a algum familiar. Se o conseguiram, imagino com que regozijo não foram aquelas criaturinhas recebidas, os carinhos, mimos e brincadeira que receberam. Se assim foi, excelente; por certo que, sem dificuldade, o bicho superou a separação da família canina e passou a amar a sua família humana. O meu apelo hoje é precisamente para que continuem todas essas atenções quando o entusiasmo esfriar, quando o chichi molhar o chão, quando os chinelos, as peúgas e os tapetes aparecerem roídos. O meu apelo é para que não os abandonem, nem os condenem ao degredo na solidão de uma varanda ou quintal, longe da vossa presença. Nada faz um cão mais feliz do que a companhia dos seus donos, para além de que, quanto mais estiverem sós, mais diabruras farão.

Muna-se de paciência para o ensinar e não pense que acontece de um dia para outro. Uns aprendem mais rápido que outros, mas a maioria demora meses até perceber o que deles pretendemos. Tal como os bebés humanos, nos primeiros meses de vida, os cães não controlam os esfíncteres e, por conseguinte, não conseguem regrar a continência mictória ou intestinal. Não lhes bata, nem com o jornal, como é prática por aí — eles não entenderão — e ainda menos entenderão se tiver a infeliz ideia de lhes esfregar o focinho nas fezes. Para além de ser pouco saudável, não resulta. Da minha prática, posso dizer que o mais eficaz é vigiar-lhes o sono (os bebés dormem muito) e, assim que acordam, levá-los ao sítio onde se pretende que deixem os seus chichis. E, de novo, lhe digo: espere com paciência, insista e quando ele conseguir entender o que pretende, elogie-o com muitos carinhos.

Defina uma palavra para manifestar desagrado — "não", por exemplo — e evite frases longas que ele não compreenderá. Nunca o castigue à posteriori. Ele não associará o delito à punição. Se apanhado em flagrante, por exemplo, a roer um sapato, retire-lho, repetindo a palavra de desagrado. Se ele escapulir com o sapato, antes de lho retirar, ignore-o por segundos, pois se o perseguir pela casa fora, o cão julgará ser um jogo.

Não quer que o bicho roa calçado ou roupa, então, nunca lhe dê um chinelo velho ou um trapo para brincar. Ele não destrinçará um chinelo de uma sapatilha de marca. Há uma variedade de brinquedos em lojas da especialidade. Verdade seja dita que, se o cão for de raça grande, em pouco tempo o brinquedo fica desfeito. Há quem dê garrafas de água vazias para entretê-los. Também já o fiz e posso dizer que resulta por alguns breves minutos, depois o melhor é retirar o que sobra da garrafa antes que comecem a comer os bocados de plástico, o que, como é fácil de imaginar, pode causar-lhes danos graves.

Mantenha as rotinas o mais que puder. Garanto que compensa. Enquanto os humanos adoram variar, os cães preferem a repetição dos gestos, dos lugares, dos horários e a sua quebra só os transtorna.

Antes de concluir tenho de dizer que não sou veterinária, tratadora, nem encantadora de cães. Sou antes alguém que se encanta com eles, os estima e gosta da sua companhia. Tudo o que escrevi resulta da minha experiência ao longo dos anos.

Para todos: um ano cheio de momentos felizes.

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