MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Gestor do Europe Direct Madeira

16/09/2023 08:00

A Organização Meteorológica Mundial e o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus identificaram este verão como o mais quente jamais registado no hemisfério norte, com ondas de calor, secas, incêndios de proporções assustadoras, mas também, chuvas intensas e inundações repentinas. A Grécia foi, de resto, um exemplo desta mistura explosiva de acontecimentos. Os gregos sentiram-no na pele, mas não foram os únicos!

À escala global, os sucessivos alertas das Nações Unidas (que já fala de uma "ebulição global"), parecem não surtir grande efeito. Pelo menos, em termos práticos, digo eu, pois em teoria já se percebeu que, hoje em dia, qualquer um consegue articular meia dúzia de palavras em prol do ambiente! Não chega! É preciso que o esforço (diferenciado entre países ricos e pobres) seja global. E, é neste cenário que a Europa tem de se posicionar, mostrando que caminha no rumo certo. Iniciativas como a Semana Europeia da Mobilidade (SEM) que hoje se inicia, não podem ser desperdiçadas.

Por mais avanços tecnológicos que tenhamos alcançado, a verdade é que, torna-se impossível falar na adaptação às alterações climáticas sem referir a imprescindível redução na utilização dos combustíveis fósseis e a descarbonização das nossas economias, rumo à neutralidade climática, logo, a absoluta necessidade de operar sobre um sector que representa 5% do PIB da UE, empregando mais de 10 milhões de postos de trabalho - os transportes. Apesar da evidente dependência das nossas sociedades face aos transportes, não podemos negligenciar os seus custos e impactos, nomeadamente nas emissões dos gases com efeito de estufa (25% das emissões totais da UE), poluição sonora, congestionamento ou sinistralidade.

O problema é complexo! Precisamos dos transportes como pão para a boca. Habituamo-nos ao conforto do automóvel particular, suportados por uma rede viária cada vez mais extensa que nos leva a todo o lado. Dos carros, muitos fazem o seu bem material mais precioso, por vezes, a sua primeira propriedade, mesmo não existindo a capacidade financeira para tal aquisição, nem tão pouco a necessidade absoluta desse bem. Prioridades!

Neste contexto, a SEM é realmente uma oportunidade que deve ser explorada para promover experiências, questionar o "óbvio", identificar os problemas, testar conceitos, divulgar boas práticas e passar à ação concreta, modificando comportamentos que não se coadunam com as metas climáticas a que estamos vinculados.

Este não é, contudo, um tema de diálogo fácil. Quem quer manter tudo na mesma, frequentemente recorre à generalização, criando barreiras ao progresso. Obviamente, não vamos todos andar de bicicleta no dia-a-dia, por exemplo, mas alguns têm condições de o fazer. E se podem, porque não fazê-lo? A generalização do discurso não configura uma boa estratégia, pois há espaço para diferentes opções de mobilidade nos núcleos urbanos. Em bom rigor, "apenas" (até parece fácil, mas não é!) temos de ser capazes de aprender com as boas práticas e com os erros de outras regiões, onde estes problemas já se colocaram há mais tempo, e fazer a devida adaptação à nossa realidade muito particular. Não há duas cidades iguais nesta Europa, mas garantidamente, há um só planeta que tem de ser cuidado e acariciado. Com racionalidade e com a consciência que o relógio não pára. E a "ebulição global" também não! Tic-tac…

(Nota: parabéns aos municípios da RAM aderentes à celebração da SEM).

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