O antigo jogador de futebol americano O. J. Simpson, que foi absolvido da acusação de duplo homicídio em um dos julgamentos mais mediáticos realizados nos Estados Unidos, morreu na quarta-feira, aos 76 anos, anunciou hoje a família.
“Em 10 de abril, o nosso pai, Orenthal James Simpson, morreu, sucumbindo no combate contra um cancro. Estava acompanhado dos seus filhos e netos”, escreveu a família do antigo jogador, nascido em São Francisco, em 09 de julho de 1947, na rede social X (antigo Twitter).
A carreira de enorme sucesso no futebol americano fez de O. J. Simpson uma das primeiras estrelas negras nos Estados Unidos, mas o antigo jogador será sempre lembrado pelo ‘julgamento do século’, no qual respondeu pela morte da ex-mulher e de um amigo.
Em 1995, O. J. Simpson foi ilibado dos crimes de homicídio de Nicole Brown e de Ronald Goldman, cometidos em Los Angeles, um veredito controverso, que continua a suscitar muitas dúvidas nos Estados Unidos, quase 30 anos depois de ter sido proferida a sentença.
“Não sou negro, sou O. J.”, costumava dizer o antigo ‘running back’, figura maior durante vários anos da Liga Norte-americana de Futebol (NFL), o que lhe proporcionou fama e fortuna, tendo-lhe mesmo aberto as portas de uma nova carreira, de ator, em Hollywood.
A queda abrupta de O. J. Simpson foi transmitida em direto na televisão, que acompanhou a perseguição policial que conduziu à sua detenção e seguiu depois, avidamente, todas as incidências do julgamento, monopolizado pela componente racial.
Apesar da absolvição em 1995, um caso cível separado condenou-o, dois anos depois, a pagar 33,5 milhões de dólares aos familiares de Brown e Goldman, pela responsabilidade nas suas mortes, um valor avultado que os advogados ainda lutam para que as famílias das vítimas possam receber.
Mais tarde, viria a passar nove anos encarcerado no Nevada, por assalto à mão armada e outros delitos, saindo em liberdade condicional em outubro de 2017.
O primeiro ‘running back’ a correr mais de duas mil jardas numa temporada, famoso pelo tempo nos Buffalo Bills, esteve décadas debaixo do olho mediático e da opinião pública, com a absolvição como tema principal, considerando o próprio que a maior parte dos norte-americanos “não acredita” que tivesse cometido os homicídios.
“Morreu sem fazer penitência”, disse hoje o advogado David Cook, que representa a família Goldman em busca do devido após o caso cível.
O pai de Ronald Goldman, Fred Golman, reagiu entretanto à NBC News, dizendo que esta “não é uma grande perda para o mundo, só mais uma lembrança da morte de Ron”.