Continua o braço de ferro entre os patrões e os trabalhadores do setor da hotelaria sobre a atualização das remunerações para 2025.
Neste momento, os representantes da ACIF mantêm a proposta de aumento de 53 euros ou 5,5%, apresentada no final de dezembro passado, mas os trabalhadores insistem num aumento de 75 euros para todos. O sindicato “não aceita” a proposta dos patrões, porque fará vários trabalhadores ganharem o salário mínimo regional de 915 euros, numa altura em que o setor “bate recordes” e ganha “prémios”.
Hoje, em conferência de imprensa, o coordenador do Sindicato da Hotelaria da Madeira anunciou que a 26 de março vai estar um grupo de dirigentes e delegados sindicais à porta de alguns hotéis, “aqueles que têm mais simbolismo”, a “distribuir comunicados em português, inglês, francês e alemão, no sentido de alertar os clientes de que aquilo que pagam não é aquilo que os empresários pagam aos trabalhadores”.
No mesmo dia, mas à tarde, estão previstos dois plenários de trabalhadores, um às 15h30 para aprovar o relatório e contas de 2024 e outro às 16h00 para analisar a luta dos trabalhadores e o que poderá ser feito “na semana da Páscoa”.
Adolfo Freitas denuncia que, no atual modelo, há “trabalhadores com 20, 25 e 30 anos de atividade que vão ganhar em 2025 o salário mínimo regional”, o que “é inaceitável”, ainda mais quando os trabalhadores “dignificaram” o serviço na Madeira e agora são “desprezados por parte de empregadores e até por parte do governo”.
Adolfo Freitas criticou o Governo Regional por ter ignorado o “ofício” entregue há mais de um mês na Quinta Vigia e onde os trabalhadores solicitavam uma “intervenção administrativa” para ultrapassar o impasse criado.
Lamentou que o presidente do Governo tivesse respondido à comunicação social mas não ao ofício entregue na Quinta Vigia, uma atitude que o sindicato leu como de “desprezo completo pelos trabalhadores”.
Criticou também que o executivo não tivesse tentado promover “reuniões de conciliação” e rebateu o argumento de que o governo não poder agir administrativamente, porquanto, no passado, tal sucedeu na Secretaria Regional de Recursos Humanos tutelada por Brazão de Castro, ao abrigo de um decreto legislativo de 2009 que dá poderes para desbloquear impasses.
“O que estamos a falar não é de uma nova lei para o Governo fazer, mas de uma lei que já existe e o que é preciso que seja cumprida”, sublinhou.