Cerca de 60 pessoas foram hoje raptadas na cidade de Buda, no estado de Kaduna, no centro da Nigéria, num contexto de aumento de incidentes deste tipo nas últimas semanas, segundo fontes locais e das Nações Unidas.
Homens armados raptaram dezenas de pessoas no estado nigeriano de Kaduna, alguns dias após o rapto de mais de 250 alunos de uma escola na mesma região, disseram dois representantes locais e uma fonte das Nações Unidas, citados pela agência France Presse, AFP.
De acordo com o conselheiro local Abubakar Buda, entrevistado pelo canal de televisão nigeriano Channels TV, homens armados invadiram uma aldeia no distrito de Kajuru hoje de manhã e foram de “casa em casa” raptando residentes e abrindo fogo.
A intervenção militar impediu que mais pessoas fossem raptadas, segundo o Channels TV.
Trinta e duas mulheres e 29 homens foram raptados, disse o deputado local Usman Danlami Stingo ao Arise News, segundo a agência de notícias francesa.
Uma fonte da ONU, não autorizada a falar com a imprensa, confirmou à AFP que homens armados tinham atacado a aldeia na madrugada de hoje.
“A informação inicial era de que 40 pessoas tinham sido raptadas, mas o número subiu para cerca de 60”, disse a fonte.
O mesmo número é confirmado pela agência espanhola Europa Press.
Segundo o inspetor-geral da polícia local, Kayode Egbetokun, serão enviados agentes para todo o estado para “acalmar os receios e criar confiança entre a população de Kaduna, especialmente nas comunidades rurais”.
Por outro lado, o ministro da Educação da Nigéria, Yusuf Tanko Sununu, lamentou o incidente, numa conferência, em Kaduna.
“É inacreditável que tenhamos atualmente mais de 20 milhões de crianças fora da escola (na Nigéria)”, disse.
“Vamos continuar a rezar para que a ajuda divina resolva esta tragédia enquanto o Governo lida com os raptores”, disse à AFP um familiar de uma das crianças raptadas.
A Nigéria é assolada há anos pelo flagelo dos raptos por grupos terroristas e de criminosos, sobretudo desde que a organização Boko Haram raptou 276 raparigas em Chibok em abril de 2014.
Os bandos criminosos efetuam regularmente raptos em massa no noroeste da Nigéria. Têm como alvo escolas, aldeias e autoestradas, onde podem raptar rapidamente um grande número de pessoas para obterem um resgate.
A vaga de raptos em massa que afeta a Nigéria é um desafio para o Governo do Presidente, Bola Ahmed Tinubu, que prometeu, não só resolver o problema da insegurança, mas também combater a crise do custo de vida e atrair mais investimentos para o país mais populoso de África.
Cerca de 465 estudantes, professores e mulheres foram raptados na semana passada, incluindo mais de 280 de uma escola em Kaduna e 15 de uma escola islâmica em Sokoto.
Além disso, pelo menos 200 pessoas foram raptadas, também, na semana passada, num ataque de supostos membros do Boko Haram a um grupo de pessoas deslocadas em Borno (nordeste), um número que foi elevado para mais de 400 pela Amnistia Internacional (AI).
O nordeste da Nigéria é o epicentro das atividades do Boko Haram e da sua ramificação, o Estado Islâmico na África Ocidental (ISWA). Nos últimos meses, a insegurança alastrou a outras zonas do norte e do noroeste, alertando para uma eventual expansão destas redes terroristas e criminosas.
Neste contexto, as forças nigerianas libertaram um total de 4.488 reféns raptados por “bandidos” e outros grupos terroristas durante as suas operações em 2023, que também resultaram na morte de 6.880 elementos criminosos e na detenção de outros 6.790, de acordo com dados oficiais.