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Maria Corina Machado quer justiça na investigação de crimes contra a humanidade na Venezuela

Data de publicação
01 Dezembro 2024
20:33

A líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado instou hoje os cidadãos a pedir ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que faça justiça em relação aos crimes contra a humanidade alegadamente perpetrados pelo Governo da Venezuela.

“Hoje elevamos o nosso clamor unânime perante o Tribunal Penal Internacional, onde já apresentámos provas suficientes para que seja feita justiça. Em todas as cidades do mundo onde há um venezuelano, protestamos para dizer uma mensagem muito clara: TPI, atua agora”, apelou.

O pedido de Maria Corina Machado teve lugar num áudio divulgado nas redes sociais, no dia em que venezuelanos radicados em diferentes países realizam protestos para exigir justiça àquela instância judicial.

Em Madrid, mais de uma centena de emigrantes venezuelanos responderam ao apelo de Corina Machado e foram para a rua defender Justiça, num protesto que aconteceu também em Londres, onde estiveram cerca de 30 pessoas, de acordo com as agências de notícias internacionais.

Sob o lema “Justiça já! Liberdade já!”, os venezuelanos reuniram-se esta manhã em frente aos Tribunais Reais de Justiça, no centro da capital britânica, com as caras e as mãos pintadas de vermelho e com SOS escrito.

De acordo com uma porta-voz do Comando ConVzla no Reino Unido, citado pela agência espanhola de notícias, a EFE - que não quis que os seus dados pessoais aparecessem por “questões de segurança” - o objetivo da manifestação era exigir ajuda do TPI para interceder pela Venezuela e mostrar graficamente como o líder chavista “pretende silenciar os venezuelanos através da violência”.

Em Madrid, o objetivo da manifestação era o mesmo: “Estamos a pedir que o Tribunal Penal Internacional, de uma vez por todas, faça justiça, que se apliquem as medidas correspondentes para castigar os que cometeram crimes contra a Humanidade”, disse o opositor e antigo autarca de Caracas Antonio Ledezma.

O ex-líder autárquico acusou Maduro de “execuções extrajudiciais” e da “detenção arbitrária de mais de 17.600 pessoas, entre elas 790 menores”, e mostrou-se indignado por a investigação aberta em 2021 pelo TPI sobre a Venezuela, que evoluiu em março para um inquérito sobre possíveis crimes contra a Humanidade, não ter ainda um desfecho.

Na mensagem em que convocou as manifestações, Maria Corina Machado começou explicou que “é indignante” a situação que estão a viver todos os venezuelanos.

“O regime deixou-nos sem água, sem eletricidade, sem saúde, sem educação, sem justiça, sem as nossas famílias. Persegue todos só porque dizem a verdade. Para onde havia luz, este regime trouxe literalmente a escuridão [...], mas a verdade é que ninguém nos pode obrigar a esta humilhação. Ninguém. Nós temos a chave da mudança e em mais ninguém”, afirmou.

Por outro lado, referiu, hoje começou “o tempo do advento, de preparação para a chegada do Natal, para um novo nascimento do Menino Deus”, o que “significa a possibilidade de um novo começo”.

“Deus fez-nos livres e, portanto, capazes de forjar o nosso próprio destino [...]. Devemos preparar-nos para derrubar os velhos muros que nos separam deste novo tempo. Um tempo que já decretámos nas últimas eleições [presidenciais, de 28 de julho], quando elegemos Edmundo González como nosso novo Presidente”, sublinhou.

A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral atribuiu a vitória ao Presidente e recandidato Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente.

Os resultados eleitorais foram contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo, segundo as autoridades, de mais de 2.400 detenções, 27 mortos e 192 feridos.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela ainda não divulgou as atas do sufrágio desagregadas por assembleia de voto.

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