O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse hoje que apenas uma alteração das reivindicações do grupo islamita Hamas sobre uma eventual trégua em Gaza podem permitir o avanço das negociações, indicou o seu gabinete.
“Israel não recebeu no Cairo nenhuma nova proposta do Hamas sobre a libertação dos nossos reféns”, assegurou o gabinete de Netanyahu em comunicado, após fontes egípcias terem confirmado à agência noticiosa Efe a ausência de uma delegação israelita nas negociações, que hoje prosseguiram na capital egípcia.
“O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu insiste que Israel não cederá às delirantes exigências do Hamas”, acrescentou.
Na terça-feira decorreu uma reunião à porta fechada entre os chefes da CIA, da Mossad e dos serviços de informações do Qatar e do Egito, conversações que segundo as mesmas fontes foram “frutíferas” e decorreram de “forma positiva”.
O número de prisioneiros que o Hamas pede que sejam libertados das prisões israelitas, em princípio mais de 1.000 em troca dos 134 reféns, permanece um dos principais pontos de discórdia.
De acordo com a Efe, pelo menos 30 destes reféns israelitas já foram mortos desde o início das operações militares israelitas na Faixa de Gaza.
Representantes dos familiares dos sequestrados, onde se incluem civis e militares, anunciaram hoje em comunicado protestos na quinta-feira frente ao Ministério da Defesa em Telavive, ao considerarem a ausência de cooperação de Israel como uma “sentença de morte” para os seus familiares e próximos.
Na segunda-feira, dois israelitas de origem argentina foram resgatados na primeira operação militar com sucesso e que implicou intensos bombardeamentos em Rafah, que provocaram cerca de 100 mortos palestinianos.
O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.
Nesse dia, 1.139 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 134 permanecem na Faixa de Gaza.
Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas pelo menos 29.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes – e feridas mais de 68.000, também maioritariamente civis. Cerca de 8.000 corpos permanecem debaixo dos escombros, segundo as autoridades locais.
As agências da ONU indicam ainda que 156 funcionários foram mortos em Gaza desde 07 de outubro.
A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.
A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.
Desde 07 de outubro, pelo menos 392 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 6.650 detenções e mais de 3.000 feridos.