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Ucrânia: EUA denunciam “retórica irresponsável” da Rússia sobre doutrina nuclear

Data de publicação
19 Novembro 2024
18:48

A Casa Branca condenou hoje a “retórica irresponsável” da Rússia após a revisão da sua doutrina nuclear alargando a possibilidade de utilização de armas atómicas, mas insistiu que tal não exige uma revisão da doutrina norte-americana.

“Esta é mais uma demonstração da retórica irresponsável que a Rússia tem demonstrado nos últimos dois anos”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano à agência noticiosa francesa AFP.

O Presidente russo, Vladimir Putin, assinou hoje o decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com mísseis de longo alcance fornecidos por Washington.

“Não ficámos surpreendidos” com o anúncio de que a Rússia iria adaptar a sua doutrina nuclear, sublinhou o porta-voz, considerando que Moscovo “tem vindo a assinalar a sua intenção de o fazer” há várias semanas.

“Como não vimos qualquer alteração na postura nuclear da Rússia, não vemos qualquer razão para ajustar a nossa própria postura ou doutrina nuclear em resposta às declarações de hoje da Rússia”, acrescentou o porta-voz.

Washington autorizou Kiev a utilizar os seus mísseis de longo alcance para atingir alvos na Rússia, que já foram utilizados num ataque noturno, o primeiro em mil dias de invasão russa.

A Casa Branca afirmou que a decisão dos Estados Unidos foi tomada em resposta ao envio de tropas norte-coreanas para combaterem ao lado da Rússia contra a Ucrânia, que o porta-voz descreveu como uma “escalada significativa”.

“Avisámos que os Estados Unidos iriam responder. Não vou entrar em pormenores sobre essa resposta hoje”, continuou.

O “documento de planeamento estratégico” assinado pelo Presidente russo inclui a “posição oficial sobre a dissuasão nuclear”, “define os perigos e ameaças militares contra os quais se pode atuar com dissuasão nuclear” e garante uma resposta à “agressão” de “um potencial inimigo”, quer contra a Rússia, quer “contra os seus aliados”.

Putin já havia advertido, no final de setembro, que a Rússia poderia usar armas nucleares no caso de um “lançamento massivo” de ataques aéreos contra o país e que qualquer ataque realizado por um país não nuclear, como a Ucrânia, mas apoiado por uma potência com armas atómicas, como os Estados Unidos, poderia ser considerado uma agressão “conjunta”, exigindo potencialmente o uso de armas nucleares.

Dmitri Medvedev, ex-Presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, avisou ainda que “os ataques de mísseis da NATO contra a Rússia poderiam ser considerados um ataque do bloco” e assim desencadear a “Terceira Guerra Mundial”.

Segundo Medvedev, a ratificação da nova doutrina nuclear russa abre a porta, em caso de ataque, à utilização de “armas de destruição maciça contra Kiev e as principais instalações da NATO, onde quer que se encontrem”.

O ex-Presidente russo sublinhou ainda que estas armas são necessárias “no mundo moderno em que vivemos”.

Medvedev alertou que o país “pode-se tornar o primeiro Estado a utilizar armas nucleares se sentir uma agressão contra si e vir a sua existência ameaçada”.

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