É preciso explicar, pois na parcela de faixa litoral oeste da Península Ibérica, parece haver “comentadores” encartados pela Situação que continuam a não conseguir entender a Madeira ou, pelo menos, a fingir que não percebem.
Nas eleições regionais, o Povo Madeirense deu a resposta às jogatanas de “golpe de Estado” na Região Autónoma que, há mais de uma década, se estrategam contra a Autonomia Política parcialmente conquistada ao fim de quase seis séculos de domínio colonial de Lisboa.
Foi a tentativa de destruir o PSD por dentro. Foi a destruição do BANIF, o Banco que mais e melhor apoiou as Autonomias Insulares. Foi, sobretudo a pesar agora, a operação policial suportada em meios militares e mediáticos do Rectângulo, sem qualquer fundamentação judicial e sem a explicação do Estado central, devida ao Povo Madeirense, com a consequência desprestigiante de levantar suspeitas - não provadas - sobre as nossas Instituições e alguns Políticos e Empresários.
A resposta foi dada nestas eleições. Não brinquem connosco!
Nem o facto de a Autonomia andar a ser inadmissivelmente secundarizada pelos responsáveis regionais; nem o descontentamento popular com algumas políticas do Governo Regional; nem os fracionamentos desastrosamente provocados no interior do PSD/Madeira; nada disto conseguiu impedir que, dados os Valores que nesta eleição estavam em jogo, a maioria do Povo Madeirense desse uma lição aos políticos que temos, apontando para o futuro que desejamos e ao qual temos Direito.
O peso da Consciência Madeirense é hoje um dado indiscutível na nossa Cultura Política. Até bastou a um Partido de mero protesto e sem Quadros, esgrimir a sua essência regional - a autonomista ainda não se viu - para, mesmo com absurdos programáticos, ultrapassar o tradicionalmente maior Partido da Oposição regional e um dos dois grandes pilares do Sistema Político vigente na República sem referendo popular.
Eu tenho de pedir desculpa ao eleitorado, por ter chegado a sentir medo que as Pessoas, em protesto legítimo contra a pobreza temática e de projecto, desta campanha eleitoral (e da pré), acabassem por, justificadamente até, ficar em casa, horrorizadas.
Mas, não! O Povo percebeu o que estava em jogo.
Esqueceu o secundário, actuou em função do Essencial, soube definir o adversário principal.
Contundo, o Povo Soberano, com este resultado, reforçou o Seu Direito de mais ainda exigir, quer à governação regional, quer ao PSD.
A Assembleia Legislativa terá de legislar e não ser mais uma assembleia autárquica, com todo o respeito que tenho por estas. Não pode meter a Autonomia Política numa gaveta, só para agradar aos “amiguinhos” dos respectivos Partidos em Lisboa.
É preciso legislar mais, pois é ainda possível um maior aproveitamento da Constituição e do nosso Estatuto Político-Administrativo. É necessária maior iniciativa legislativa, inclusive junto da Assembleia da República, pois Lisboa tem algumas competências no nosso território que são absurdas em termos de Interesse Público. Prioritária, uma iniciativa de revisão constitucional, até para um “sim ou sôpas” do Estado central e dos Partidos políticos e, em tal consequência, se planear o futuro. Idem para o Sistema Fiscal próprio.
Quanto ao Governo Regional, uma vez remodelado, há muito a fazer no campo da habitação, da efectiva assunção dos aeroportos e domínio público marítimo nossas propriedades, e do relançamento competitivo de todas as áreas possíveis num Centro Internacional de Negócios. A Universidade da Madeira é um dos nossos principais meios de Desenvolvimento Integral. E são necessárias novas políticas na Segurança Social - a subsídio-dependência eterniza a pobreza e em muitos casos é injusta e fraude - um novo modelo de Turismo, e aperfeiçoamentos na Saúde e Protecção Civil, com a consciência de que o Sistema Regional de Saúde da Madeira é ainda o melhor do País.
Os temas que interessam à Madeira, sobretudo na conjuntura internacional presente que obriga a acautelarmo-nos, têm outra dimensão que não aquela mediocridade do “bacalhau a pataco”, tristemente exibida pelos Partidos em campanha eleitoral.
Finalmente, o PSD.
Se o Líder, agora reforçado pelo voto popular, quiser suplantar divisões, estas estéreis, pois dolosamente provocadas pelos inimigos da Autonomia Política e pela necessidade das mediocridades internas sobreviverem; se o Líder quiser manter o Partido unido, acabando com “renovadinhos” e com o grupo de fulano ou de sicrano; tem aqui o desafio para se afirmar Estadista.
Se fôr para tudo continuar na mesma, já não terá outra oportunidade.