O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje, após ter-se reunido com o seu gabinete de guerra, que o Estado vai destinar mais fundos ao programa nacional para a produção de mísseis.
“O gabinete decidiu atribuir financiamento adicional ao nosso programa de mísseis. Haverá mais mísseis de produção própria”, escreveu o chefe de Estado na sua conta da plataforma digital Telegram, depois de realizar uma reunião neste formato que inclui chefes militares e dos serviços secretos e os ministros de pastas estratégicas.
A Ucrânia está a desenvolver os seus próprios mísseis para reduzir a sua dependência do armamento que recebe dos aliados ocidentais.
O próprio Zelensky se congratulou, no final de julho, com o ritmo do programa nacional de produção de mísseis.
Kiev já utilizou com êxito mísseis de cruzeiro antinavios R-360 Neptune e está também a desenvolver mísseis antiaéreos e táticos de médio e longo alcance.
O Exército ucraniano continua a não ter autorização dos seus parceiros ocidentais para utilizar o armamento estrangeiro que recebe para bombardear bases aéreas e outros alvos militares e estratégicos situados dentro da Rússia.
Por isso, Kiev está a trabalhar para produzir o seu próprio equipamento militar com capacidade para atingir tais infraestruturas.
Na reunião de hoje do gabinete de guerra, Zelensky também abordou a situação nas linhas da frente, com especial incidência nas frentes de Kharkiv, Toretsk e Pokrovsk.
“O chefe do Estado-Maior do Exército, Oleksandr Sirski, informou por videoconferência [sobre a situação]: está no terreno e mantém pessoalmente a situação sob controlo”, escreveu o Presidente ucraniano no Telegram.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.