A Direção-Geral da Saúde revelou hoje que a maioria das vítimas de agressão registadas em 2023 são enfermeiros. Das 1.036 notificações registadas, 35% dizem respeito a agressões a profissionais desta classe, dados dão razão à Ordem dos Enfermeiros, segundo defendeu este organismo em comunicado.
A Ordem, segundo se lê na nota, “tem alertado para o número crescente de queixas que chegam à OE” e, acrescenta-se, “sabemos que a situação é mais grave do que os números oficiais dão conta.”
“Os dados estão subnotificados e não retratam a verdadeira situação nos serviços de saúde, particularmente nos casos de violência psicológica e assédio”, denuncia a OE, observando que “Portugal ainda não tem uma cultura de notificação plenamente implementada e as difíceis condições de trabalho absorvem a totalidade do tempo dos enfermeiros que acabam, muitas vezes, por desistir de apresentar queixa”.
“A Ordem dos Enfermeiros considera que o regime aplicável não protege as vítimas, visto que a violência contra profissionais de saúde depende da apresentação de uma queixa formal. Defendemos que a natureza do crime seja alterada, passando a ser considerado um crime público, como acontece com a violência doméstica”, acrescenta-se no texto.
Para a OE, “os enfermeiros são o maior grupo profissional vítima de violência, não por serem o grupo profissional de maior dimensão no SNS, mas por ser aquele que permanece de forma contínua e próxima dos doentes e familiares”. Contudo, “ainda assim, continua a não ser considerada uma profissão de risco e de desgaste rápido”.
Neste sentido, órgão defendeu que os “enfermeiros precisam de melhores condições de trabalho, de subsídio de risco e, naturalmente, da revisão da idade da reforma”, uma vez que os recursos humanos que o setor dispõe “são manifestamente insuficientes para garantir cuidados de saúde de qualidade e em segurança, o que tem contribuído para o aumento de episódios de violência contra enfermeiros”.