A defesa do terceiro arguido acusado de homicídio pela morte do polícia Fábio Guerra, junto à discoteca Mome, em 2022, vai pedir a abertura de instrução do processo, assegurando que Clóvis Abreu “nem se aproximou” da vítima.
“Clóvis não participou no homicídio de Fábio Guerra”, afirmou o advogado Aníbal Pinto perante a acusação do Ministério Público (MP) conhecida na segunda-feira, que, em comunicado, revelou ter imputado ao arguido – que esteve mais de um ano fugido à justiça - três crimes de homicídio qualificado (dois deles na forma tentada a Cláudio Pereira e ao agente João Gonçalves) e outros dois de ofensas à integridade física qualificadas graves.
Numa declaração escrita enviada à Lusa, o advogado do terceiro arguido deste caso – no qual já foram condenados a 17 e 20 anos de prisão os ex-fuzileiros Vadym Hrynko e Cláudio Coimbra – lamentou que “o MP insista numa tese contrariada pelas imagens” da videovigilância presente junto ao local de diversão noturna em Lisboa, lembrando que um coletivo de juízes já tinha “esclarecido com as mesmas imagens os factos que levaram à trágica morte do agente”.
“Assim, só resta ao arguido Clóvis abrir instrução e aguardar que um juiz tenha o mesmo entendimento, que resulta de forma cristalina”, acrescentou o mandatário de Clóvis Abreu, que se encontra em prisão preventiva desde 19 de setembro de 2023.
De acordo com a acusação do MP, Clóvis Abreu, atualmente com 26 anos, pontapeou Fábio Guerra na cabeça quando este já estava no chão depois de ter sido agredido pelos ex-fuzileiros.
“Apercebeu-se que Fábio Guerra se encontrava caído naquele local e, desconhecendo o estado de saúde do mesmo, desferiu-lhe um pontapé na zona da cabeça”, lê-se no despacho de acusação.
Em articulação com os outros dois arguidos, terá também desferido “um pontapé na cabeça, de uma forma violenta”, no ofendido Cláudio Pereira, além de agredir com socos o agente Rafael Lopes, e com socos (com ajuda de uma pedra na mão) e pontapés os polícias Leonel Moreira e João Gonçalves.
O MP sublinhou que Clóvis Abreu e os outros dois arguidos agiram com “uma total indiferença pela autoridade e comportando-se eles próprios como se fossem a autoridade dominante” e que tiveram a “intenção concretizada de molestarem fisicamente os ofendidos”, defendendo que os três tiveram conhecimento da condição de polícias da maioria dos envolvidos nos confrontos no exterior da discoteca.
Foi ainda apresentado pelo MP um pedido de indemnização civil contra o arguido no valor de 184.437,58 euros. A investigação esteve a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, com o auxílio da Polícia Judiciária.
Fábio Guerra, 26 anos, morreu em 21 de março de 2022, no Hospital de São José, em Lisboa, devido a “graves lesões cerebrais” sofridas na sequência das agressões de que foi alvo no exterior da discoteca Mome, em Alcântara, quando se encontrava fora de serviço.
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